
Cada vez que as investigações, ainda em fase inicial, se aprofundam sobre o esquema que resultou em rombo, e roubo, bilionário das ‘Americanas’, duas das Top Four das empresas de auditoria se veem em situação complicada.
São elas PriceWaterhouseCoopers (PwC) e KPMG.
Completam as ‘quatro’, mas não neste caso das Americanas, a Deloitte Touche Tohmatsu e a Ernst & Young (EY).
A ‘quinta’, após a fusão com a BDO, seria a BDO/RCS, que tem como acionista maior, mas não majoritário (23% de participação), o ex-diretor de finanças do Corinthians, Raul Corrêa da Silva.
É de responsabilidade dele a gestão da empresa, na condição de CEO.
A promiscuidade entre as auditoras e as empresas mais relevantes, aquelas que pagam grandes contratos, é evidente.
Quantas vezes, por exemplo, a BDO/RCS, responsável pela fiscalização da contabilidade da Odebrecht – notoriamente inidônea, reprovou os balanços apresentados?
O roubo era tão escancarado que a construtora, para se reposicionar no mercado, precisou mudar de razão social.
A BDO não enxergou as falcatruas ou preferiu fechar os olhos para manter, no ano seguinte, o boleto milionário?
Seja qual for a resposta, ela é ruim para a empresa, porque indicaria, no mínimo, imperícia, e, em possibilidade mais grave, conivência com atos criminosos.
Vale lembrar que Raul Corrêa fechou o contrato após assinar todos os documentos iniciais, e também as alterações, da obra bilionária do estádio do Corinthians – na condição de cartola do clube, construído pela Odebrecht.
E as ‘Top Four’?
Quantas delas tem aprovado, há anos, balanços de gigantes com a contabilidade maquiada?
Por muitos anos, os bandidos de colarinho branco, tratados socialmente como ‘grandes empresários’, utilizaram-se destas auditorias como atestado de idoneidade empresarial.
Hoje, sabe-se que os interesses são capazes, como releva o caso Americanas, de corromper empresas gigantes do mercado, tratadas até então quase que como de fé-pública, como se atestadoras absolutas da verdade.
Entres CPIs diversas sendo tocadas no Congresso, nem todas uteis, urge a necessidade da criação de Comissão para investigar as principais empresas de auditoria; o resultado poderia levar a revelações de esquemas que fariam o montante amealhado em esquemas amplamente divulgados pela mídia em anos recentes tornarem-se troco de mercearia.