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Maratonei, ontem, a série ‘Doutor Castor’, em exibição na GloboPlay, que conta detalhes da vida do bicheiro Castor de Andrade, patrono do Bangu e da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Um sujeito extremamente perigoso, porque transitava entre a maldade extrema e a simpatia dissimulada.

No mínimo, 56 mortes cercavam a organização criminosa que comandava, sob poder que transcendia o perímetro de sua zona de Jogo de Bicho.

Contrabando de armas, narcotráfico e diversos outros crimes também lhe foram atribuídos.

Castor nitidamente inspirava-se em Dom Corleone, personagem do clássico ‘O Poderoso Chefão’, com cenas típicas do filme inseridas em seu cotidiano mafioso, como, por exemplo, a reunião realizada em sua residência, com a presença dos demais bicheiros do Rio de Janeiro, em que, sem cerimônias, apresentou-se como chefe de todos.

O ‘capo’.

Seu ‘personagem’ era vendido, por relevante parte da mídia, como pessoa carismática que praticava, apenas, contravenção penal, quando, em verdade, tratava-se de um gangster sanguinário.

A série apresenta o então ‘todo poderoso’ da Rede Globo, conhecido Boni, como um sujeito escroto, amoral e principal responsável pela proteção de Castor na imprensa, assim como detona outros mais, entre os quais Jô Soares (tratado como amigo pelo bicheiro), por conta de uma entrevista marcada pela generosidade diante de fatos escabrosos contados pelo marginal.

Voltando às referências de bandidos notórios, Castor e sua cúpula, que tinham na folha de pagamento 100% da polícia carioca, políticos (Maluf, Collor Agnaldo Timóteo, etc.), juízes, desembargadores e demais autoridades, safavam-se da prisão em todas as acusações que sofriam, quase sempre em sentenças obscuras, nitidamente encomendadas.

Porém, o MP-RJ, em grande sacada, acolhida pela corajosa magistrada Denise Frossard, decidiu, em vez de individualizar cada denúncia de crime cometido, colocá-los todos no mesmo artigo, de fácil comprovação, que era o de formação de quadrilha, justamente pelo qual se conseguiu as condenações.

A manobra é comparável à dos afamados ‘Intocáveis’, que levaram o notório gangster Al Capone à cadeia por ‘simples’ sonegação de impostos.

Para cooptar a simpatia da população, Castor investiu fortuna em paixões nacionais notórias: carnaval e futebol.

Bangu e Mocidade Independente de Padre Miguel mobilizavam milhares de pessoas em torno do bicheiro, que, espertamente, estimulava a exaltação à malandragem, ao descaminho, à cultura da ‘esperteza’, conjuntamente ao hábito de normalizar a corrupção e a criação de milícias, que, até os dias atuais, impactam negativamente a vida do povo brasileiro, mas, especialmente, a dos cariocas.

A obra termina demonstrando que os ‘herdeiros’ de Castor seguem digladiando-se no submundo carioca, utilizando-se das mesmas práticas e conceitos, mas com menos competência do que o antecessor.

Esse alerta sobre o presente deveria servir para dar luz aos atuais bastidores de diversos setores relevantes da sociedade, entre os quais as Escolas de Samba, as torcidas organizadas, o Governo Federal e até de clubes de futebol, muitos deles tomados por criminosos glamourizados, entre os quais bicheiros, estelionatários, magistrados corruptos, policiais vendidos e demais deploráveis da sociedade.

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