Em entrevista ao Estadão, Ian Cook, diretor da Kroll, afamada empresa de investigações particulares, deixou claro que os principais patrocinadores do mercado estão contratando serviços especializados para avaliar os riscos de investimento em determinados clubes de futebol.

Dentre as pesquisas, destaca-se a apuração das ligações de dirigentes com a política e o envolvimento destes com escândalos de corrupção.

Cook diz que “a operação Lava Jato mudou o ecossistema empresarial do Brasil como um todo. O esporte acaba sendo influenciado de forma indireta, mas o sistema como um todo mudou”.

Não à toa, dois dos principais clubes do Brasil, Corinthians e Flamengo, ambos com dirigentes investigados pela Policia Federal, nos últimos anos, sobrevivem às custas de patrocínios de empresas irrelevantes.

As grandes marcas sequer cogitam negociar.

O clube de Parque São Jorge chegou a passar constrangimento após veicular, em mídia social, foto de suposto encontro de negócios com a Mercedes Benz, que a montadora logo tratou de rechaçar, afirmando que o setor de ‘compliance’ (investigação de corrupção) da multinacional não concordaria com o acerto.

Certamente é a razão, também, de, nem mesmo durante o período de Copa do Mundo e Olimpíadas, e, mais recentemente, de Copa América, os dirigentes alvinegros, boa parte deles delatados na ‘Operação Lava-Jato’ ou respondendo a ações criminais diversas, no TJ-SP e da Justiça Federal, fracassarem nas dezenas de promessas sobre a venda de ‘naming-rights’ do estádio de Itaquera.

Que empresa assinaria um acordo com a duração de três décadas com gente tão suspeita ?

Dentre os principais arrecadadores do país, o São Paulo segue na mesma toada e o Palmeiras, apesar do caminhão de dinheiro conquistado, veicula na camisa marcas de uma financeira mal-afamada no mercado e de uma faculdade inserida na parte de baixo nas planilhas de avaliações do MEC, sendo ainda investigada por suposta fraude na aquisição pelos atuais gestores, não por acaso, conselheiros do clube com pretensões políticas, o que, por si, eliminaria qualquer análise puramente comercial do negócio.

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