Desde que iniciadas as transmissões esportivas do Campeonato Brasileiro, no atual sistema em que os clubes mais populares, por conta do retorno em audiência, recebem cota de TV maior do que a de adversários, Corinthians e Flamengo nadaram de braçada, enquanto seus adversários, por vezes, recebiam menos que a metade dos valores destinados à estas agremiações.

Ainda assim, devido às gestões populistas, ambos gastaram mais do que receberam, obrigando-se a “pendurar a conta” em adiantamentos da Rede Globo, que, na prática, transformaram-se em impossibilidade real de contrapô-la em negociações futuras.

Nesse contexto, apesar de, supostamente, estarem com a “faca e o queijo” nas mãos, porque, obviamente, nenhuma emissora aceitaria transmitir o campeonato mais relevante do país sem os dois clubes mais populares no cardápio, Corinthians e Flamengo assinaram acordo com a Globo submetendo-se a novo sistema de distribuição de valores, assim disposto:

  • 40% da cota divida, igualmente, entre os 20 participantes da Série A;
  • 30% pelo número de partidas transmitidas;
  • 30% pela classificação final do torneio

Ou seja, todas as outras 18 equipes passariam a ter grandes chances, quase certas, de receberem mais do que embolsariam no sistema anterior, enquanto Flamengo e Corinthians seriam, antecipadamente, os maiores “perdedores”.

Não à toa, neste campeonato de 2018, foi nítida a diminuição de partidas transmitidas destas duas agremiações na tv aberta, provavelmente com objetivos claros de impulsionar o “pay-per-view”, mas, em contrapartida, sem aparente oposição dos próprios, retirando-lhes dinheiro do acerto previsto para o ano posterior.

Terminasse o Brasileirão com as classificações no atual patamar, dos R$ 177 milhões recebidos pelo Corinthians para exibição de suas partidas, em 2018, sobrariam apenas R$ 77,8 milhões, para 2019, numa perda de arrecadação monumental: R$ 99,2 milhões.

O Flamengo, que recebeu R$ 170 milhões em 2018, ficaria com apenas R$ 88,2 milhões, diferença, a menor, de R$ 81,8 milhões.

Não há o que se discutir, no âmbito geral, que a nova distribuição é mais justa, aproximando, em tese, a possibilidade dos clubes do Brasileirão competirem em condições de mais igualdade de investimentos.

Mas este não é o ponto, pelo menos para os conselheiros de Timão e Mengão, que, desde já, atiram contra o comportamento de seus presidentes nessa negociação.

Tanto Andres Sanches quanto Bandeira de Mello, para alguns, deveriam manter as vantagens que as duas equipes sempre possuíram no mercado, e, somente não o fizeram porque, amarrados em adiantamentos da Globo – devido a má-gestão – não tiveram força suficiente de negociação, quando, em condições normais, poderiam, e deveriam, exigir o que, em regra, o mercado da publicidade lhes proporciona.

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