sorteio

Da FOLHA

Por RUY CASTRO

No noticiário sobre a escolha por sorteio eletrônico do ministro Edson Fachin para a Segunda Turma do STF, você leu ou ouviu muitas vezes a palavra “algoritmo”. Era o dispositivo responsável pela escolha. Pelo que entendi, o algoritmo disparou em zigue-zague pelas entranhas do computador, girou para todos os lados, fez ruídos de sinos e campainhas, dissecou o currículo dos candidatos e decidiu-se pelo do ministro Fachin.

Até aí, tudo bem. Mas, e se meu neto João Ruy, que tem 10 anos e quer saber tudo sobre quase tudo, me perguntar o que é um algoritmo?

Como não fazia a menor ideia, e já me preparando para a eventualidade, consultei várias pessoas, todas cultas e modernas, com quem falei nos últimos dias: o dono de uma importante editora, uma assessora de imprensa, um amigo parisiense em férias no Rio, um escritor membro da Academia, um pianista de bossa nova e até meu dentista. O que é um algoritmo? — perguntei a todos. Ninguém sabia. Recorri a uma amiga craque em matemática, a psicoterapeuta Sueli de Queiroz. E ela também não sabia.

Esmagado, fiz o que estava tentando evitar, por ser fácil demais: fui ao Aurélio. E lá está a definição, de ridícula simplicidade: algoritmo é um conjunto de regras e operações definidas, destinadas à solução de um problema. Só. Donde, ao executar uma receita de bolo, descascar uma laranja ou dar banho no seu cachorro, você passa o dia aplicando algoritmos sem saber.

Imagino que, para a escolha de Fachin, o computador tenha sido alimentado com as informações mais íntimas sobre cada um dos litigantes — seus Q.Is. em estado de repouso, escolas filosóficas favoritas, o time de cada um, se dançam o twist ou o chá-chá-chá etc. Feito isto, o algoritmo enfiou a mão no saco, pegou a bola gelada e escolheu o ministro que todos queriam.

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