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A FOLHA de hoje apresenta entrevista com o ex-presidente do Palmeiras, Luis Gonzaga Belluzzo, conselheiro (informal) dos governos petistas de Lula e Dilma, absolutamente esclarecedora sobre os bastidores do futebol.

Ruim, porém, para a biografia do entrevistado.

Além de revelar, mais uma vez, a conhecida proximidade com J. Hávilla, Belluzzo demonstra sua omissão, enquanto presidente do Palmeiras, ao relatar que sabia, de antemão, dos planos do ex-presidente do Corinthians, Andres Sanches, de “implodir” o Clube dos 13, e nada fez para impedir.

Ação que desfavoreceu, claramente, o clube que, em tese, deveria defender.

Por fim, esforça-se para justificar possíveis atos de corrupção dos clubes (tratando-os como única alternativa) e também do ex-presidente da CBF, Jose Maria Marin (a quem coloca como “pressionado”).

Nota-se, por razões obvias, que, dentro da evidente flexibilidade de tratamento do ex-dirigente palestrino com notórios malfeitores, não ter sido por acaso a composição da mesa de apresentação do negócio com a WTORRE (ruim para o Palmeiras), com os ‘ilustres” J. Hávilla, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Walter Torre Junior.

E que a defesa, intramuros e explicita (pela imprensa), não apenas aos governos petistas citados (enlameados de corrupção), mas também ao candidato das últimas eleições palmeirenses, conhecido pelo vulgo “Pescachaça”, ligado às facções criminosas “organizadas”, formadas por meliantes que se dizem torcedores do Verdão, estão dentro do contexto adequado de pensamentos e atitudes do economista.

Confira abaixo trechos destacados pelo blog da entrevista realizada por Mônica Bergamo com Luis Gonzaga Belluzzo:

SOBRE J.HÁVILLA

“Não. Ele veio falar em nome do que ele achava que seria melhor para o futebol. Ele estava agindo a partir do que achava que tinha a ver com os interesses da empresa dele. Nós almoçamos juntos. Foram conversas civilizadas.”

OMISSÃO NO GOLPE DE ANDRES SANCHES NO “CLUBE DOS 13”

“Terminou no seguinte: nós ganhamos a eleição. Estávamos preparando a licitação [para a escolha da emissora que transmitiria o Campeonato Brasileiro, que tinha Globo e Record como interessadas] quando fomos todos almoçar no restaurante El Tranvia [em Santa Cecília]. Estávamos o Luis Álvaro [de Oliveira, então presidente do Santos], o Juvenal [Juvêncio, então presidente do São Paulo], o Andrés Sanchez [então presidente do Corinthians] e eu. E o Andrés avisou: “Eu vou implodir o Clube dos 13 porque isso aí tá amarrando tudo”. E realmente o Andrés saiu e fez uma negociação à parte com a TV Globo, muito vantajosa. E também o Flamengo. A Globo chamou os dois e diferenciou mais ainda as cotas. O Clube dos 13 implodiu. Foi uma negociação comercial bruta, digamos assim. Feita com certa brutalidade.”

“Naquela época ele fez um discurso justificando a escolha dele em ficar com os que perderam a eleição [Globo e CBF]. [O cartola disse numa reunião de clubes: “Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gângster”.] O Andrés é assim, fala o que vem na cabeça dele, tem todo o direito de fazer isso.”

SOBRE OS CLUBES “SE VENDEREM”

“Depois que o Clube dos 13 acabou, os clubes cederam, era cada um por si. E aí você tem que entender que a maioria dos clubes estava com problemas financeiros. Estavam sempre pendurados no adiantamento de cotas que a Globo dava. Eles são a parte frágil desse tripé [de gestão do futebol].”

“(…) Não estou dizendo que houve corrupção. Estou dizendo que pode ter havido promessa de facilitar algum financiamento, etc etc.”.

SOBRE JOSÉ MARIA MARIN

“Eu não vou tratar de questões relacionadas com Conmembol (Confederação Sul-Americana de Futebol), essas coisas [referindo-se aos escândalos que resultaram na prisão dos brasileiros J. Hawilla e José Maria Marin], porque isso aí é outro departamento.”

“No caso das dominâncias estão as confederações, as federações e os detentores dos direitos de transmissão, a Globo. É fácil dizer que o Marin é corrupto, que o cartola tal é corrupto. Pode até ser que seja, mas ele está lá cravejado de pressões.”

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