marcelo campos pinto da globo

É grande a apreensão do executivo Marcelo Campos Pinto, da Rede Globo, e também da própria emissora, com os rumos que podem tomar a investigação do FBI contra dirigentes corruptos do futebol mundial.

Principalmente se a empresa “Sport Promotion”, do empresário José Francisco Coelho Leal, o Kiko (aquele ex-parceiro de Luciano do Valle na Luqui Participações) der com a lingua nos dentes.

Diferentemente do que ocorre na Justiça Brasileira, que permite a “delação premiada” sem que o réu produza provas contra si próprio, nos EUA, qualquer ocultação invalida o acordo, agravando a condição do investigado.

Foi nesse contexto que J. Hawilla entregou toda a operação comercial da venda de direitos televisivos no Brasil.

Por razões óbvias, não é crível que apenas a TRAFFIC e a KLEFER tenham sido responsáveis pelos pagamentos de propinas, e até de mensalinho (R$ 2 milhões), aos ex-presidentes Ricardo Teixeira e José Maria Marin (tudo indica, também ao atual, Marco Polo Del Nero), sem que o principal comprador dos direitos de transmissão, a Rede Globo, desconhecesse a operação.

Difícil crer, também, que a emissora não seja a origem real dos recursos, que, trabalhados pelas empresas citadas (e investigadas) chegaram ao destino final (bolso da cartolagem).

A notória proximidade, não apenas comercial, mas, principalmente, social, do executivo da Globo, Marcelo Campos Pinto, com os dirigentes de clubes, federações e demais “agenciadores” impede, também, a ‘inocência” nos termos dos negócios.

Dificilmente, em ambiente de tamanha promiscuidade, o global deixaria de ser agraciado, também, com a divisão de parte da “generosidade” dos dirigentes.

Voltando à “Sport Promotion”, é exatamente a empresa de “Kiko” que intermedeia – em associação com a TRAFFIC – os direitos de transmissão da Copa do Brasil (citada pelo FBI como fonte de propinas), tendo, portanto, ligação direta com a Rede Globo.

A relação, por sinal, é antiga, e chegou a ser denunciada pelo Vasco da Gama, em 2002, com exposição de recibo emitido pela CBF, dando quitação à emissora pelo pagamento dos direitos televisivos do referido período.

globo recibo

Antes disso, em 1998, em artigo publicado na FOLHA, o então dirigente cruzmaltino, Eurico Miranda, já denunciava a associação entre TRAFFIC, J. Háwilla, Kleber Leite e Ricardo Teixeira, comprovada, agora, pela investigação do FBI.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk20119806.htm

Ontem, em inflamado e verdadeiro discurso, o Senador Romário relembrou:

“No ano passado, se eu não me engano, o Ministério do Esporte fez um aporte de R$ 10 a R$ 15 milhões para ajudar o futebol feminino e, por curiosidade, não foi via CBF. E sim através de uma empresa chamada Sports Promotion, que também é ligado ao atual presidente da CBF, esse safado, ladrão e ordinário Marco Polo Del Nero”.

Fica claro que a função da referida empresa é a de, através de intermediação, ocultar pagamentos e recebimentos diversos (principalmente os que não podem ser declarados), sempre ligados à “produtos” do futebol brasileiro.

Hoje, por exemplo, o Diário Oficial de São Paulo trás a Sport Promotion como organizadora de uma partida das equipes de Corinthians e Grêmio, pelo Brasileiro Sub-20, da CBF.

sport promotion

Em resumo, é com a SPORT PROMOTION (braço da TRAFFIC) que a Rede Globo, através do executivo Marcelo Campos Pinto, negocia, diretamente, os direitos de transmissão da Copa do Brasil e doutros torneios ligados à CBF (suspeitos de pagamento de propinas e mensalinhos).

É daí que o dinheiro começa a circular, rodando pelos bolsos de dirigentes, donos de direitos televisivos (Háwilla) e demais participantes do esquema.

Ontem, no Jornal Nacional, a emissora, em meio á matéria que tratava sobre o assunto “prisão de Marin”, fez questão de deixar claro, em autodefesa, que os grupos de comunicação que negociaram direitos de competições “não estão sendo investigados”, nem são suspeitos (de pagamento de propina).

Trata-se de uma meia verdade.

Os investigados, por enquanto, são os listados “TRAFFIC”, “KLEFER” e “SPORT PROMOTION”, porém, evidentemente, tratam-se apenas de intermediários de um dinheiro maior, que tem origem clara nos caixas de quem tem por responsabilidade transmitir, de fato, os torneios negociados.

A “não suspeição” das emissoras, opinada pelo Globo, é subjetiva (e conveniente) interpretação crua dos autos, não corroborada, certamente, pelos investigadores.

Sempre suspeitou-se que as vitórias constantes da Rede Globo em embates pelos direitos de transmissão dos principais torneios do Mundo (além da exclusividade com a Seleção Brasileira), mesmo, por vezes, oferecendo, financeiramente, metade do valor proposto pelas concorrentes, se dava pelo ganho de imagem ocasionado aos clubes com a exposição, evidente, num canal campeão de audiência, porém, a investigação do FBI – que promete não poupar ninguém – pode dar luz a uma verdade indigesta, não apenas a quem intermediou e recebeu as propinas, mas, principalmente, ao fornecedor dos recursos.

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