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Por ROQUE CITADINI

O Corinthians após saída da Libertadores.

Como sempre faço aos fins de semana, fui ao clube no último sábado, onde o ambiente era de grande tristeza. A eliminação do Corinthians pelo fraco time do Guaraní, do Paraguai, ainda não foi digerida por torcedores e sócios alvinegros.

Logo que cheguei ao restaurante, com um grupo de amigos, aproximou-se um sócio muito revoltado. Creio que era do Departamento de Tênis ou do Tamboréu, o que faz pouca diferença, já que são duas áreas que votaram maciçamente na diretoria atual. A revolta deste sócio era total. Atacava os jogadores (chamando-os de mercenários), o técnico (o taxando de retranqueiro), o juiz etc. Só não falava da diretoria.

Como já era comentado que alguns atletas da Base seriam “vendidos” interpelou-me perguntando o que a “oposição” iria fazer para barrar os altos salários e a saída de jovens revelados pelo Corinthians, que hoje são de empresários.

Mesmo sabendo que ele era um oficialista assumido, fui claro nas explicações.

Nós, na última campanha, tínhamos colocado diariamente a difícil situação financeira que vivia o clube. E dissemos que foi o Departamento de Futebol (dirigido, dentre outros, pelo atual presidente) que tinha perdido a mão e gastado o que não podia. Foi uma enxurrada de contratações -a todo preço- que começou debilitar as finanças do clube.

Lembrei que criticamos duramente e de maneira sistemática a política inaugurada pelos diretores (a de pagar comissão para tudo no Corinthians: compra, venda, empréstimos e até em renovação de contratos de atletas que já estavam no clube). Essa foi política desastrosa que sugou os cofres da agremiação.

Lembrei, também, que na campanha falamos sobre a política da Base, onde a relação promiscua com empresários, só servia aos atravessadores. Os acertos com empresários, que se tornavam donos de jogadores, tinham que acabar imediatamente. Sempre defendemos que os jogadores da Base deveriam ser 100% do clube e que não há qualquer motivo para manter atletas com outro tipo de “acordo”.

Perguntei ao revoltado torcedor se seriam apenas os jogadores (os tais mercenários) e o técnico (o dito retranqueiro) os responsáveis pelo que estava ocorrendo. Ele fez uma ou outra crítica a mais, mas nada falou sobre os diretores e a política de partilha de jogadores.

Naquela mesma tarde, encontrei com torcedores de organizadas que por lá protestavam. Eram as mesmas palavras de indignação. “Mercenários! Covardes! Faltou raça!” e outras coisas na mesma linha. Nenhuma crítica aos diretores  (que inundaram o mercado de comissões), e nem crítica aos empresários, que por sua vez se compuseram com a direção do clube. Nada.

Após ouvir deles o repetido apelo onde pedem que “a oposição tem que acabar isso”, como se os conselheiros da oposição, que estão em menor número, pudessem anular o que faz a diretoria, perguntei o por quê de não haver críticas à direção e a política de partilha com os empresários. Também deram uma ou outra razão, meio sem sentido, sem qualquer ponto lógico.

Afirmei que uma das grandes proezas desta diretoria é ter tirado toda a independência das organizadas. Quando estas protestam, suas críticas são contra todos, menos contra os diretores diretamente responsáveis. Pertence ao passado a idéia de que as torcidas eram independentes da diretoria do clube. Hoje fazem tabelinhas o tempo todo.

O mesmo discurso de críticas aos altos salários, aos jogadores e ao técnico vem sendo repetido por boa parte da imprensa de forma sistemática e quase propagandista.

Quase não se ouvem críticas ao trabalho desastroso dos diretores nos últimos anos (com a política de compra e comissões). Nada é dito a respeito do partilhamento dos jogadores da Base. Jornalistas oficialistas de todos os lados repetem o mesmo discurso das organizadas e do pessoal alinhado ao clube.

A oposição faz o que tem que fazer: criticou o modelo que levou as finanças do clube aos trapos; criticou o conluio de empresários que viraram “donos” de jogadores; e nunca deixou de apoiar e defender o time com muito entusiasmo.

É preciso aos que estão tão revoltados que assumam seus erros ou parem de criticar.

A oposição continuará a ser coerente com o que defendeu na última campanha sem que isso prejudique o clube. E é exatamente isso que vem sendo feito.

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