carsughi

A demissão de um mito do rádio brasileiro, Claudio Carsughi, da rádio Jovem Pan, onde trabalhou por quase 60 de seus 83 anos de vida, gerou absoluta comoção dividida entre público e membros da imprensa.

Não há justificativa técnica para a iniciativa.

Carsughi é ainda, e dificilmente deixaria de ser, um dos melhores radialistas do país.

Sereno, crível, bem informado e com articulação acima da média.

A Jovem Pan fala em corte de gastos (um direito da emissora), porém, sem convencer, já que nos últimos meses contratações importantes, como as de Reinaldo Azevedo, Rachel Sheherazade, Danilo Gentili, entre outras, que evidentemente não devem receber o menor salário entre os funcionários, foram efetuadas.

Fica claro, em entrevista concedida ao UOL, que Carsughi andava irritado com os rumos editoriais tomados pela rádio, a quem tratou como excessivamente direitista (novamente um direito da emissora) posição esta que pode, eventualmente, ter sido geradora de desgaste interno.

A grande questão é que em não sendo verdadeira a desculpa do corte de gastos (aparentemente, não é), demitir um profissional de extremo gabarito, com serviços inestimáveis prestados não apenas a emissora, mas ao rádio brasileiro, ainda mais em tempos de declínio de qualidade entre os novos profissionais (não há alguém sequer semelhante a Carsughi, em seu estilo, no mercado) apenas pelo fato dele ser contrário a alguns posicionamentos da rádio, não é atitude de respeito ao jornalista, muito menos ao público (que comprovadamente o adora e aprova).

Conheço muito pouco Claudio Carsughi fora do microfone (encontrei-me com ele, uma vez, num bar dentro do prédio da Jovem Pan, ocasião em que fui muito bem tratado), e, certamente, como ser humano, deve ter suas qualidades, defeitos, manias, como todos as tem, mas, nem por um conflito, eventualmente, gerado por qualquer desses detalhes, seria inteligente para um dono de rádio importante abrir mão de sua competência, marca (referência de credibilidade) e, principalmente, dedicação (comprovada) pelas longas décadas de trabalho.

O jornalista perdeu o emprego, mas saiu consagrado, e, em breve, estará empregado novamente, enquanto o público, respeitoso, soube dar o devido valor a um trabalho admirável, ou seja, entre mortos e feridos, a única que não se salvou (pelo menos até contar a verdade) foi a Jovem Pan.

Facebook Comments
Advertisements