No último domingo, em meio ao aflorar de emoções ocasionado pela derrota do São Paulo perante o rival Corinthians, duas declarações, cercadas de honestidade, receberam destaque da mídia.
A primeira, do atleta Souza, dizia que o torcedor Tricolor reclamava, mas não comparecia aos jogos (temeroso, horas mais tarde, o atleta refugou).
Depois, em programa de televisão, o dirigente Ataíde Gil Guerreiro afirmou que mesmo se o jogo fosse disputado com portões abertos, os aficionados do clube não compareceriam.
A explicação é óbvia, e nada tem a ver com desamor do são-paulino pelo clube.
O Morumbi, com o advento das novas Arenas, tornou um estádio pouco atraente, desconfortável para quem assiste, e custoso de paciência para os que se deslocam até o local enfrentando o sofrimento do transporte público.
A torcida do São Paulo, que em boa parte já frequentou as novas Arenas, entendeu a diferença, razão pela qual guardou o esforço apenas para as partidas mais importantes.
Há também o desestímulo do preço dos ingressos, com o são-paulino pagando valores próximos aos cobrados em praças esportivas que oferecem mais conforto e melhor mobilidade.
O clube, que sempre esteve na vanguarda do esporte, não pode permitir que esse período desfavorável se prolongue, e deve lutar, com urgência, para que o estádio seja reformado.
O efeito psicológico, negativo, em torcedores e atletas, pela inevitável comparação com outras praças, é nítido.
Hoje, da maneira em que as coisas estão, o estádio Tricolor mais parece um campo neutro, levando-se em consideração a distância do torcedor para o gramado (em contraponto com o fervor das novas arenas) e o fato dos rivais, anos a fio, terem se acostumado a jogar clássicos (contra o próprio São Paulo) na condição de mandantes.