Um dos principais problemas da gestão Mario Gobbi, no Corinthians, foi a divisão, logo após a posse do ex-mandatário, dos grupos que tornavam coesa a chapa “Renovação e Transparência”, que se uniu, no pleito anterior, para alçar Andres Sanches ao poder.
De um lado ficaram os “engravatados” do grupo “Corinthanos Obsessivos” (a quem Gobbi privilegiou), do outro, minimizados em importância, a famosa “turma do apelido”.
A cisão tratou de posicionar Gobbi e Sanches em lados opostos, dentro de um mesmo grupo, ocasionando os conflitos que tanto prejudicaram os trabalhos da administração anterior.
Com a recente eleição de Roberto “da Nova” Andrade, os “obsessivos”, que antes mesmo do referendo já haviam bandeado para os grupos de oposição (com exceção de um ou outro, como o Dr. Sergio Alvarenga, que, comprometidos, ainda beijam as mãos de Sanches) receberam da nova administração o exílio esperado, enquanto os “apelidados”, regojizando-se, sonhavam com o retorno de um passado altamente lucrativo.
Porém, no ambiente da pequena intelectualidade (ou até por este motivo), a vaidade e as disputas de territórios conflitantes são um pouco mais violentas.
O primeiro a vociferar foi Manoel Ramos Evangelista, o vulgo Mané da Carne, que, mesmo após quatro gestões seguidas de um grupo a que serve com lealdade suína, novamente foi deixado de lado na distribuição de cargos:
“Esse “Preto” desgraçado pensa que manda ? Manda nada… no Corinthians só quem manda é o Andres e o Roberto, o resto obedece”.
O desabafo de Mané, em tom absolutamente desrespeitoso e condenável, em rápida conversa com este jornalista, indica que o conselheiro alvinegro atribui ao atual vice-presidente do clube, e antes aliado, Andre Negão, sua derrocada.
Ontem, na página de rede social de Negão, Mané continuou:
“Se quiser por a prova o caráter de um homem, de-lhe poder”, “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”.
A indignação se dá pela escolha de Edu “Gaguinho” dos Gaviões para o cargo de Diretor Adjunto de Futebol, favor que Andres devia ao meliante por “serviços’ executados, extra-oficialmente, em caráter particular, nos últimos anos.
Mané acredita que Negão tenha vetado seu nome não apenas para o cargo supracitado, mas também noutras colocações dentro do clube, além de estar dificultando investidas em que o conselheiro costumava “morder” alguns trocados, mesmo oficiosamente, e lhe garantiam parte do sustento.
Há outros, porém, que ainda não publicamente, mas com grande ressonância interna, tem se posicionado contrários a atitudes e escolhas da nova gestão.
Na volta da partida entre Corinthians e Ituano, o conselheiro Jaça, que esperava ficar com a pasta do futebol profissional, mas teve que se contentar em ter dois homens colocados no amador, sofreu um AVC, do qual vem se recuperando a contento.
Testemunhas garantem que o dirigente enervou-se em discussão sobre os nomes colocados pela atual gestão para dirigir o departamento principal do clube.
Gritava contra a indicação de “Gaguinho”, mas também criticou muito a escolha de Janakian, ambos “sem história dentro do clube”, motivando, talvez, o referido problema de saúde.
Fato é que Jaça, que já foi sócio de André Negão, hoje não o tolera (há histórias escabrosas que cercam a inimizade) e, tudo indica, foi realmente colocado à margem – de seus desejos principais – pelo atual vice-presidente.
Andres Sanches que gosta de espalhar dentro do clube que “manda em tudo”, apesar de negar à imprensa, terá que descascar um abacaxi duro de digerir, até porque os três citados, e mais alguns de menor importância, fazem parte de sua história no clube, e a nenhum deles seria de bom tom (e inteligente) desagradar.
Principalmente porque, agora, sem o apoio dos “Obsessivos”, o ex-presidente do Corinthians não pode ver seus principais aliados em guerra interna, sob risco de por a perder o projeto de retorno ao poder no Parque São Jorge, previsto para as próximas eleições.