kia andres dualib

“(…) ela (parceria MSI-Corinthians) era temerária e irresponsável.””

No pedido feito a Justiça Federal, em que o MPF demonstrou todo seu talento jurídico para explicar os motivos pelo qual acredita que os réus do caso MSI-Corinthians devem ser absolvidos, não houve como escapar dos fatos principais.

Comprovou-se tudo o que os dirigentes corinthianos negaram no período da assinatura do contrato.

O dinheiro tinha origem ilícita e os donos da MSI eram, de fato, Boris Berezovsky e Badri Patarkatsishvili.

Além disso, os dirigentes alvinegros à época – entre eles Andres Sanches – apesar de “inocentados” por falta de provas, foram absolutamente desqualificados pelos fatos descritos no relatório do MPF:

No entanto, as informações trazidas por alguns pouquíssimos e corajosos sócios e conselheiros do Corinthians, descritas pela testemunha de acusação Antonio Roque Citadini e apresentadas à diretoria do clube, ao Conselho de Orientação (Cori) e ao Conselho Deliberativo não permitiam, a despeito da condição de empresário ostentada por Boris, outra conclusão quanto à parceria proposta: ela era temerária e irresponsável.”

“(…) a MSI “não tinha investidores conhecidos, sede física, sócios, balanço contábil, absolutamente nada”.

“(…) os acusados tinham consciência de que os valores investidos no Corinthians através da MSI eram oriundos dos crimes praticados por Boris na Rússia? Os acusados, ao firmarem a parceria, assumiram o risco de que os valores investidos no Corinthians através da MSI fossem oriundos dos crimes praticados por Boris na Rússia?”

“A Media Sports Investment (MSI) era representada no Brasil pelo empresário anglo-iraniano Kia Joorabchian. As investigações o apontavam como ‘testa de ferro’ do magnata russo Boris Berezovsky, acusado em seu País de desvios no montante aproximado de US$ 8 milhões – uma quantia pelo menos 4 vezes superior (US$ 32 milhões) teria sido transferida para o time paulista, segundo o inquérito, por meio da parceria com a MSI.”

“Se, por algum meio, os acusados pudessem antecipar os resultados no sentido de que, através da consolidação da parceria, valores oriundos de crimes ingressariam em território nacional para irrigarem financeiramente o clube, mesmo assim persistiriam em suas condutas, concretizando a parceria? Minha tendência é de acreditar que sim, pelo menos para alguns deles, para quem o dinheiro não tem cheiro e sob a ótica perversa de que o importante, no mundo do futebol, é a aquisição de jogadores de qualidade e a conquista de vitórias e títulos para seu clube e seus torcedores, mesmo que os recursos necessários para tais objetivos tenham sido obtidos às custas da miséria ou da tragédia de desconhecidos.”

O último trecho, destacado pelo blog, se enquadra claramente no discurso efetuado por muitos dos atuais dirigentes do Corinthians, entre eles o presidente delegado Mario Gobbi, de que “não importava a origem do dinheiro.”.

Qualquer semelhança, portanto, das atitudes “temerárias” e “irresponsáveis” do passado, com as finanças do clube nos dias atuais – todas administradas pelo mesmo grupo de pessoas – (nos últimos doze meses, sete fecharam no prejuízo) não é mera coincidência.

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