Por ROQUE CITADINI

http://blogdocitadini.blog.uol.com.br/

O sítio Contas Abertas  publicou ontem matéria informando que a Copa-2014 será bancada quase que exclusivamente (94%) por dinheiro público e que os orçamentos explodiram, se os compararmos aos números iniciais anunciados pela CBF.

http://contasabertas.uol.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx?Id=17

Surpresa?

Nenhuma.

Quem lê este blog sabe que desde o princípio dissemos que a Copa seria basicamente feita com dinheiro público e que a conversa de que os investidores privados custeariam o evento era balela pura.

Faz bem a imprensa de cobrar  explicações do presidente da CBF Ricardo Teixeira, afinal ele disse que esta seria uma Copa da iniciativa privada.

Deveriam também cobrar a direção do São Paulo, que afirmava a quatro cantos que o Morumbi seria reformado com recursos privados e estaria apto para a abertura dos jogos.

Nada disso é verdadeiro.

Desde o começo todos os envolvidos, dirigentes, governos e imprensa, já sabiam que a grana viria dos cofres públicos, mas para acalmar a opinião pública inventaram uma presença maciça da iniciativa privada na competição.

O próprio presidente da CBF declarava que o governo pouca influência teria na Copa, por se tratar de evento realizado com dinheiro privado.

Agora fica assim: o governo banca e a CBF decide.

No caso paulista há uma sucessão de mentiras e engodos, alguns dos quais já conhecidos e outros meio escondidos.

O empréstimo do BNDES para a reforma do Morumbi, que chegaria a R$240 milhões, somente sairá se algum louco dentro do banco rasgar seus estatutos e regras e se candidatar a ficar nos próximos anos defendendo em juízo o ato que vier a praticar.

Acrescente-se ainda ao imbróglio uma mentira escondida e que em breve ficará às claras: todos os técnicos consultados dizem ser impossível fazer qualquer reforma mínima do Morumbi com estes valores.

Mas o pior ainda está oculto sob a tal “urbanização do entorno do Morumbi”, que seria feita pela Prefeitura com dinheiro federal.

O trio Kassab-Feldman-Caio propõe a ocupação de uma área pública para construção de estacionamento, rampas, sanitários, saídas e entradas para o estádio. Será um problema para a Prefeitura justificar tal loucura.

Não tenho dúvidas de que as cheias no Jardim Pantanal e no Jardim Romano serão problemas ínfimos para o Prefeito Kassab quando se descobrirem as tais obras no entorno do Morumbi. Só posso acreditar que os patrocinadores desta obra estejam de mudança para o Irã, o Iraque ou o Afeganistão.

Quem defenderá a ocupação de áreas públicas para construção de natureza claramente privada?

Embora seja um espanto para todos o que está ocorrendo, não tenho dúvidas de que estes números ainda não refletem tudo o que ocorrerá.

O imbróglio será ainda maior.

Afinal, tendo que gastar, segundo os números atuais (que depois serão alterados) esses R$ 555 milhões para uma reforma, não se justificaria a construção de um outro estádio?

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