Por JUCA KFOURI

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Um jogo de xadrez.

Mas com uma tensão que tabuleiro algum jamais passou perto.

Cruzeiro e Estudiantes se estudaram, se respeitaram, se temeram e se agrediram.

O primeiro tempo no Mineirão não chegou a ter uma chance clara de gol, embora por três vezes os cruzeirenses tenham sido obrigados a se desdobrar para evitar um tiro final que poderia ser fatal.

O Cruzeiro chegou menos, raras vezes conseguiu ser rápido e sofreu com a marcação argentina desde a saída de bola.

Verón comandava o time de La Plata melhor que qualquer brasileiro liderava a equipe de Belo Horizonte.

E nem mesmo a torcida cruzeirense encontrava ânimo para empurrar o time.

O segundo tempo começou com os mesmos jogadores do primeiro.

Pena que o país inteiro não pudesse ver o jogo, o mais nobre da temporada das Américas.

Não só porque a CBF não homenageia O JOGO, ao marcar outras seis partidas para a mesma noite, como, também, porque a própria TV não valoriza o que tem nas mãos.

Ora, a decisão da Libertadores era para ser a única atração da noite, como acontece na Europa com a final da Liga dos Campeões.

Mas, não.

Aqui chegaram ao requinte de adiar um jogo entre Corinthians e Fluminense para rivalizar com a primeira partida das finais da Libertadores.

E é claro que o torcedor prefere ver seu time a ver qualquer outro, valha o que valer o jogo do outro.

Só que, assim, quem perde é o JOGO, sua liturgia, seu encanto, seu drama, sua emoção.

Emoção que chegou ao auge logo aos 6 minutos, quando Henrique chutou da intermediária, a bola desviou em Desábato e morreu, ou melhor, foi viver no fundo da rede argentina.

Então, o Mineirão pegou fogo.

Por apenas cinco minutos, porque Fernández empatou ao complementar jogada pela direita da defesa brasileira.

E o time brasileiro sentiu o golpe, ficou meio grogue, e permitiu que os argentinos tomassem as rédeas da partida.

Ramires pouco fazia, Athirson entrou no lugar de Wagner e, aos 27, de cabeça, Boselli, fez 2 a 1, aproveitando-se de uma cobrança de escanteio de Verón, que era xingado pela torcida.

Wellington Paulista sai e entra Thiago Ribeiro que, aos 41, mandou uma bomba no travessão.

A torcida pedia raça, mas ela mesma era subjugada pelos 3 mil hinchas no Mineirão.

O Estudiantes era tetracampeão, com toda justiça.

E mantinha uma maldita escrita recente: os brasileiros não ganham decisões contra times estrangeiros, mesmo com o direito de jogar a segunda partida em casa, como aconteceu com Palmeiras e Santos e Grêmio diante do Boca Juniors e com o Fluminense contra a LDU, além do São Caetano, batido pelo Olimpia.

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