Do THE SUN (Inglaterra)

Por IAN McGARRY

http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/sport/sunsport_columnists/article2425628.ece

CARLOS TEVEZ pode estar perto de assinar com o Manchester United se desejar.

Não haveria nenhuma taxa de transferência porque ele não está registrado em nenhum outro clube.

Não vai haver nenhuma negociação até que ele esteja satisfeito com seus termos pessoais.

Tudo que eles precisam é do jogador, do contrato e do consentimento do clube e pronto, está feito.

West Ham pretende tentar romper o contrato do jogador sem pagar a comissão a seu agente, embora seja quase certeza que eles se enfrentariam numa batalha judicial no Tribunal.

Se Tevez estiver disposto a quebrar seu contrato com a MSI — a empresa que detém seus direitos — então pode ficar tão famoso quanto Jean Marc Bosman por não poder jogar futebol. O contrato do atacante argentino com o West Ham United termina no final da temporada, quando expira o seu empréstimo.

Nessa situação, normalmente o jogador tem o direito de escolher qual proposta aceitar, dentre os clubes interessados, e simplesmente vai.

Mas, não Tevez. No seu contrato com a MSI, consta que ele não pode aceitar nenhum acordo sem uma permissão da empresa, mais especificamente, e os interesses dela vêm em primeiro lugar.

Ou será que ele pode? Algumas pessoas acham que o seu contrato esteja sob os mesmos princípios da legislação da União Européia.

Em 1995, foi Bosman quem teve sucesso na Justiça, com a argumentação de que o direito de transferência de um jogador feito por terceiros era ilegal.

Então, caso Tevez queira se livrar da MSI, ele teria simplesmente que assinar com o Manchester e contratar um bom advogado?

Ou talvez, pedir ao clube que contrate Jean Louis Dupont para defendê-lo contra o processo que possivelmente a MSI iria abrir?

Dupont foi o célebre advogado por trás da vitória de Bosman na Corte Européia, mudando a cara do futebol para sempre.

Desde então, ele se tornou um rosto familiar no Manchester, representando o clube nos complexos casos envolvendo o futebol e as leis européias.

E, usando a sua experiência no campo, Dupont seria o nome óbvio para defendê-los no caso de Tevez.

A maior vitória do advogado foi trabalhar por um jogador belga pouco conhecido no Tribunal de Justiça Europeu.

Enquanto uma ação leva por volta de cinco anos para acabar, a argumentação no caso de Bosman foi muito mais simples. Dupont alegou que a interferência de qualquer terceira parte (como um clube), que dita as mudanças no trabalho de um jogador, constitui uma restrição de comércio.

Este foi o caso, transgrediu-se a liberdade do indivíduo, a qual é protegida pelo Tratado de Roma, que está no coração da UE.

A MSI talvez reivindique que o seu contrato com Tevez foi assinado fora do continente europeu, mas desde que Tevez quis jogar na Europa, parece que as cláusulas teriam que estar ao menos de acordo com a legislação da União Européia.

E o fato de que a MSI é uma empresa e não um clube pode ser um fato tão irrelevante quanto o seu contrato com terceiros tornar-se o ponto crucial da questão. A propriedade de jogadores por terceiros não é proibida pela FIFA, mas os seus termos podem vir a transgredir a legislação da UE se forem defendidos com êxito desafiador nos Tribunais.

O Manchester United, explorando todas as possíveis ramificações legais do contrato de Tevez com a MSI, parece ter sinalizado que eles não têm a menor intenção de pagar as taxas de transferências que estão sendo pedidas.

Mas, se o Manchester escolher este caminho, o primeiro obstáculo a ser vencido será convencer Tevez a romper com a MSI. Algumas pessoas podem dizer que isso não seria tão difícil.

Se o clube não quiser pagar os £32 milhões de libras que a MSI está pedindo, eles facilmente poderiam oferecer parte dessa soma ao jogador em troca da sua assinatura e uma possível ação na Corte.

Afinal de contas, se isso acontecer, Tevez não será o primeiro jogador de futebol da história a ter a cabeça virada por uma oferta. Ao mesmo tempo, a MSI então teria que pesar as consequências de entrar numa guerra judicial com um dos maiores clubes de futebol do mundo.

E processar o Manchester United não seria uma coisa simples — se a coisa chegar a esse ponto.

Seu conselheiro, Kia Joorabchian, obviamente sabe que está chegando o dia “D” da negociação do jogador.

Ultimamente, Tevez tem sido mais vigiado por seus agentes do que em qualquer outra época desta temporada.

Seu relacionamento com Joorabchian é próximo, mas talvez não tenha sido sempre bem assim.

Quando ele chegou na Inglaterra, há dois anos, ele e Javier Mascherano ficaram hospedados num hotel em Londres, enquanto o seu agente os encaixava num clube.

Inicialmente os dois jogadores pensaram que seu destino talvez fosse o Liverpool, o Manchester ou o Arsenal.

Na manhã em que eles foram mandados a Londres Oriental, Tevez ligou para um amigo da Argentina e inocentemente perguntou: “Onde é West Ham”?

Agora, se Tevez, 24, ficar com a MSI e as coisas furarem com o Manchester United, ele não vai ter nenhuma incerteza sobre onde vai acabar.

Por outro lado, e se ele puder simplesmente assinar um contrato com o Manchester — e contratar um bom advogado?

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