Por ROBERTO VIEIRA

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Pergunte a qualquer torcedor das antigas.

Bom mesmo era no tempo da torcida desorganizada.

Todo mundo pagava ingresso.

Pai levava filho ao estádio.

A única coisa mal encarada era o cachorro-quente.

Os torcedores assistiam ao jogo lado a lado.

Numa boa.

De vez em quando tinha briga.

Mas era do popular com a patroa gritando gol na hora errada.

Não tinha alambrado.

Era tudo fosso.

Que a gente pulava na comemoração de título.

Levando um pedaço da rede pra casa.

Grito de guerra era João de Deus.

Nada desse negócio de matar ou morrer.

Pois, se alguém morria, era enfarte na certa.

Nada de bala perdida.

Era um tempo de pegar carona num fusquinha.

E andar 300 quilômetros para ver uma pelada.

Como se fosse final de Copa do Mundo.

Camisa era velha, meio suja, remendada.

Aquela que deu sorte na decisão de dez anos atrás.

Quando o jogo terminava.

E a derrota surgia inevitável.

A gozação era motivo de sorriso amarelado.

Lágrimas no escuro do quarto.

Promessas de amor eterno ao clube amado.

Reconhecia-se no adversário um velho amigo.

Não um inimigo a ser eliminado.

Pergunte a qualquer torcedor.

Bom mesmo, era no tempo da torcida desorganizada.

Quando as mães iam dormir tranquilas.

E as famílias ficavam despreocupadas.

Seus filhos iam voltar do futebol pra casa.

Felizes ou infelizes.

Mas sempre.

São e salvos!

* Pelo jovem Lucas. Que nunca mais verá um gol no Mineirão…

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