A batalha pelo Ministério do Esporte

Da FOLHA
Por JUCA KFOURI
Golpes baixos, abaixo da cintura, bolas fora, caneladas, jogo sujo não falta
A política brasileira é capaz de produzir fatos de difícil compreensão para os não iniciados.
Por que há tanta cobiça em torno do Ministério do Esporte, até hoje primo pobre na Esplanada, a ponto de nem bem decorridos sete meses da boa gestão de Ana Moser ter tanta gente interessado nele?
Sempre houve um motivo: sua capilaridade para atender objetivos eleitorais como a construção de quadras pelos 5.568 municípios do país. Agora há outro, os 3% do arrecadado em impostos das casas de apostas, enfim regulamentadas.
O que explica a estranha oposição do deputado Felipe Carreras (PSB-PE) a maior rigor na distribuição dos recursos públicos às entidades esportivas, por sinal, relator da CPI da jogatina e dono de empresa patrocinada pela banca, como revelou o repórter José Marques, nesta Folha.
Inexplicável mesmo é a informação publicada na coluna de Lauro Jardim, em O Globo: a CBF quer o PCdoB no Ministério do Esporte.
Convenhamos: nem o condenado Agnelo Queiroz por improbidade administrativa, nem Orlando Silva e nem Aldo Rebelo, o que tinha o traseiro chutado pelo secretário da Fifa, todos então da agremiação chamada de comunista, deixaram boas recordações quando dirigiram, em sequência, o ministério.
Além do mais, o secretário-geral da CBF, Alcino Rocha, executivo experiente e ligado ao PCdoB, há de saber que qualquer reforma ministerial não contemplará a base histórica do governo federal, ao contrário. Apostará o partido numa aliança com o Centrão?
Ana Moser tem contra si o fato de não ser filiada a partido algum, embora tenha a favor o amplo apoio entre os atletas brasileiros e o compromisso público do presidente Lula, que a quer muito bem, de que “o esporte não será usado como moeda de troca”.
Às vésperas das campanhas eleitorais de 2024, o que querem é distribuir verbas para fazer o usual, sem preocupação com verdadeira Política para o esporte como está em curso —com olhos voltados para a saúde e para educação, além de contemplar o esporte de alto rendimento, especialmente em relação às mulheres, origem, enfim, da carreira da ministra, campeoníssima do voleibol.
Como ainda não tem dinheiro, o pouco que possui não poderia mesmo ser empregado para propagandear o que tem feito, do que se aproveitam os oportunistas para sabotar a ministra.
