Racismo de Mané da Carne é teste de caráter para André Negão
Luiz Ricardo Alves, o Seedorf, conselheiro do Corinthians a quem Manoel Ramos Evangelista, vulgo Mané da Carne, ofendeu com palavras racistas, além de registrar Boletim de Ocorrência, comunicou os poderes do clube sobre a infração interna, passível de expulsão.
Receberam o relatório, o presidente da Diretoria, Duílio ‘do Bingo’, do Conselho, Alexandre Husni e da Comissão de Ética e Disciplina, André Negão.
De Duílio e Husni pouco se espera, até por alinhamentos, não apenas políticos, com o infrator.
André Negão, porém, está em xeque.
Deixemos de lado tudo o que se sabe sobre sua trajetória de vida, dentro e fora do clube, o cartola, que pleiteia candidatura à presidência do Corinthians, não tem margem, neste caso, para errar.
Preto, se passar pano para o racismo de Mané, como ocorrido, recentemente, no julgamento de ataque do mesmo conselheiro a duas mulheres, jogará por terra todo o discurso de combate à discriminação que, há anos, também o tem como vítima.
Sucumbirá André aos interesses de um grupo que já o retirou da fila de candidatos, no mínimo duas vezes, por acreditar que, num clube com grande percentual de conselheiros preconceituosos, um branco teria mais chance de vitória?
No que Andre Negão perdia em currículo, para o bem e para o mal, na disputa com Roberto Andrade?
E com Duílio ‘do Bingo’?
Para muitos, a cor da pele era fator decisivo.
André Negão, que errou ao facilitar a vida de Mané no caso da agressão às mulheres, terá que demonstrar, neste episódio, coragem para tomar a decisão correta, mesmo que o conselheiro alvinegro tenha sido, por anos, seu parceiro de diretoria e também subalterno de gabinete parlamentar.
Teste de caráter, inclusive para, ao chegar em casa, olhar sem constrangimento nos olhos de seus filhos.
Se fraquejar, o Presidente da Comissão de Ética e Disciplina dará razão aos que dizem que ele, além doutras acusações, não possui tamanho para ser presidente do Corinthians.
