A ‘folha corrida’ dos fiadores do Corinthians é assustadora

Ontem (04), o Blog do Paulinho revelou que o Corinthians socorreu-se de uma ‘carta fiança’ no valor de R$ 15,6 milhões, oriunda do obscuro ‘XMB Digital’, para assegurar-se numa ação judicial promovida contra empresa ligada a poderosos cartolas alvinegros.
Os detalhes da história, que cheira a coisa errada, podem ser conferidos no link a seguir:
O ‘crédito’ do Corinthians e a possibilidade de golpe na ação da SPR
A XMB Digital Bank S/A foi constituída apenas em 23 de agosto de 2021, ou seja, há menos de um ano, embora alegue estar em operação desde 2018 – que também é data recente.
Seu endereço em São Paulo é a Rua Tabapuã nº 1123, no bairro do Itaim Bibi, mas toda a operação é realizada em Goiânia/GO.



Apesar do nome ‘Bank’ inserido no contrato social, a XMB não tem autorização para trabalhar como banco, assim como ocorria em caso levantado pela CPI do COVID, em que comprovou que uma tal ‘FIB Bank’ não era instituição bancária e, através de documentos falsos de imóveis que sequer eram deles, inflaram o capital e concederam crédito a empresas fantasmas que comprariam vacinas superfaturadas para o Governo.
O caso parece se repetir.
Oficialmente, constam na Junta Comercial de São Paulo, os nomes de Alexson Pantaleão Machado de Carvalho e Edner Ricardo Rodrigues de Almeida como conselheiros administrativos do XMB, assim como o de Alisson Borges Fernandes na condição de Diretor Financeiro e Antonio Gonçalves de Almeida como Presidente.
Todos residentes em Goiânia/GO.
A movimentação financeira do XMB é alicerçada, assim como o expressivo ‘capital social’ de R$ 400 milhões, em operações do mercado de criptomoedas, não regulamentado no Brasil e que, costumeiramente, é utilizado para a prática de crimes diversos, entre os quais ‘lavagem de dinheiro’.
Duas empresas deste ramo abastecem o grupo: a XMB Mineradora de Criptoativos S/A e a Criptoativos Brasil S/A, ambas fundadas em janeiro de 2020, no mesmo endereço, à Av. Floresta s/n, em Goiânia.
A primeira em nome de Antônio e Alisson; a segunda no de Alexon.
As duas com capital social idêntico: R$ 100 milhões.
Segundo informações, Antônio Gonçalves de Almeida, 76 anos, que assina como Presidente em quase todas as empresas do grupo, entre as quais o ‘XMB Bank’ – que fez negócios com o Corinthians, seria comandado por Edner Almeida, apontado como gestor efetivo dos negócios.
Em 17 de fevereiro de 2020, Edner sofreu censura pública do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás por infringir regramento ético da profissão.

Em 2021, o MP-GO recebeu denúncia de que o contador estaria utilizando o recém criado ‘XMB Bank’ – fiador do Corinthians – para a prática de ‘golpe de precatórios’, sendo citado como frequente o registro de diversas empresas em seu nome, além da acusação de que tratar-se-ia de ‘figurinha carimbada’ em operações fraudulentas no interior de Goiás.
O caso foi arquivado porque, embasado em anonimato, não conseguia avançar para as necessárias quebras de sigilo e demais operações de investigações, negadas pela Justiça.

Agora, em 18 de maio de 2022 – pouco mais de um mês, outros ‘sócios’ do ‘XMB Bank’ foram indiciados pelo MP-GO, segundo soubemos, por problemas ligados a criptomoedas.
Para escapar do processo assinaram ‘termo circunstanciado’ comprometendo-se a não mais realizar a suposta prática ilegal.
Outra investigação, paralela a esta, segundo fontes, averiguaria suposta facilitação de ‘cartas fianças’ – semelhante à fornecida ao Corinthians – a empresas de pouca expressão e sem crédito no mercado, para que consigam ser contratadas pelo poder público.
Em sendo verdade, operação quase idêntica à do ‘FIB Bank’, flagrado na CPI do COVID.


Voltando a Edner Ricardo de Almeida, no mesmo endereço do ‘XMB Bank’, em São Paulo, apesar de residir em Goiânia, o empresário constituiu, na mesma época, a ‘XMB Digital Services’.

Apesar disso, o domínio de internet em que está sediado o site do ‘XMB Bank’, o xmb.net.br (estranhamente não ‘.com.br’ ou ‘.com’) – importantíssimo para grandes corporações, não está registrado em nome da empresa, mas de uma webdesigner de Goiânia.

Como se criado para durar pouco tempo.
Não é de se estranhar que cartolas do Corinthians, diante do extenso histórico de imoralidades que os cercam, façam negócios, ainda que em desfavor do clube, com esse tipo de instituição, mas é preocupante a anuência de um departamento de compliance, que tem em seus quadros um jornalista que escreve em site jurídico, siga enlameando o nome do escritório que assina pelo trabalho.
Se a advocacia Gelson Ferrareze não enxergou os dados agora revelados, todos de fácil consulta, demonstra absoluta incompetência para o ofício.
Estando informada, teria obrigação de vetar o negócio.
Se o fez e, ainda assim, permaneceu no posto de compliance, participou em conivência.
Assim como os diretores a quem se associaram, que venderam a alma ao Capeta dias após as eleições do Corinthians sob o esperto discurso, acolhido por alguns, da necessidade de ‘ajudar ao clube’.

