Ontem, no ‘Dia Internacional das Mulheres’, associadas e conselheiras do Corinthians não tiveram o que comemorar.

Enquanto, para o público de fora, explora-se o lema ‘#respeitaasmina’, em Parque São Jorge, elas sequer possuem mais lugar para ficar.

Há anos tentando sobreviver sempre com as menores verbas disponíveis, o Departamento Feminino foi o ‘escolhido’ para servir de exemplo em suposta política de contenção de despesas.

Em contrapartida, sem justificativa lícita, o Corinthians segue comprometendo-se em ampliar, cada vez mais, os gastos no futebol profissional..

Após a pressão de algumas associadas, os cartolas, às pressas, decidiram conceder um dia de ‘spa’ para as mulheres.

Quase uma esmola.

Até então, não existia nenhum evento comemorativo previsto para o 08 de março.

Duílio ‘do Bingo’ Monteiro Alves, presidente do clube, prometeu em período eleitoral dar a importância que as mulheres mereciam no Timão.

Meses depois, mandou extinguir o Departamento Feminino alegando falta de verbas.

Em encontro com seis conselheiras do Corinthians, o diretor social Sergio Coelho Montes, vulgo ‘Cebola’, confirmou o fechamento, culpando a gestão anterior (que continha os mesmos nomes da atual) e também o Conselho Deliberativo.

O Blog do Paulinho teve acesso à Ata da reunião.

Estiveram presentes, além de Cebola, seu adjunto Joaquim Arruda – que pouco comparece ao Parque São Jorge, o assessor Fernando, além das associadas/conselheiras Analu Tomé, Carla Baldoni, Renata Raione, Rosmelia Blanco, Simone Martins e Susy Miranda.


Sergio Coelho Montes (Cebola)

Selecionamos alguns trechos:

Cebola

“(…) a obra do espaço destinado ao departamento foi embargada, porque foi elaborada e conduzida de maneira totalmente desorganizada na gestão anterior”

“Quando a atual diretoria assumiu, o plano inicial era liberar o departamento feminino, e para tanto, o assunto foi passado para o departamento de Patrimônio e Obras. Mas este, depois de uma análise minuciosa envolvendo engenharia e custos, chegou à conclusão de que a obra estava condenada, sendo mais viável demolir o espaço, e começar do zero”

“Porém, não há verba dentro do orçamento desse ano para a realização desta construção, por culpa dos conselheiros que aprovaram um orçamento que não destinava valores para tal. O número de sócios adimplentes caiu consideravelmente. Não tem dinheiro”

Analu

” (…) por que não fazem atividades ao ar livre, como yoga por exemplo?”

Fernando

“(…) o departamento social estava aguardando a definição da grade de atividades da academia Red Fit, para não haver conflito de interesses”

Susy

“(…) por que não fazer atividades itinerantes enquanto de espera uma definição? Por exemplo: aula de culinária na Bocha, artes no Espaço Churumelas, e assim por diante?”

Fernando

“(…) isso fica inviável, porque no passado tentaram fazer isso, mas as senhoras se confundiam e perdiam a atividade”

Cebola

“(…) o clube suspendeu as atividades e cortou a verba do departamento feminino, por falta de local de funcionamento”

“O departamento social tem recebido muitos “nãos” por falta de verba”

“Pedimos ajuda para o depto de Marketing, mas o foco de lá é captar recursos para o futebol”


As mulheres alvinegras são vítimas da misoginia de uma diretoria estruturalmente preconceituosa, que retira os direitos de quem despreza para concedê-los aos que integram o círculo vicioso de ‘toma-lá-da-cá’ reinante, há anos, no Corinthians.

Todos homens.

Os demais departamentos, excetuando-se o feminino, apesar da alegada falta de dinheiro, seguem operantes em Parque São Jorge.

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