Flávio Adauto, Paulo Garcia e Emerson Piovesan

Nos últimos dias, o Blog do Paulinho vem revelando manobras administrativas da Kalunga, empresa comandada por Paulo Garcia, eterno presidenciável do Corinthians, além dos assustadores números de seus balanços.

A empresa, na virada de 2020 para 2021, transformou-se em S/A objetivando captar, através de IPO, R$ 1 bilhão no mercado.

Para tal, realizou alterações suspeitas, como a renuncia de Garcia da Presidência do grupo, a indicação de Emerson Piovesan, funcionário do cartola – inclusive no Corinthians, na condição de ‘auditor independente’ e a contratação de administrador apenado pela CVM por facilitar golpes dos irmãos Batista na JBS.

Até o primeiro trimestre de 2020, a contabilidade da Kalunga indicava passivo aproximado de R$ 750 milhões, o que, por si, comprometeria qualquer possibilidade de investimento de possível aporte de novos acionistas.

Ontem, tivemos acesso aos números do terceiro trimestre de 2021 – os mais recentes.

O caos é ainda maior do que se imaginava.

R$ 2.2 bilhões é o valor do passivo da Kalunga, maior do que a dívida do Corinthians (R$ 1 bilhão do clube e outro bilhão do estádio de Itaquera), que contém, em parte, as digitais de Paulo Garcia (seu ‘auditor’ atuou como diretor financeiro do clube e o irmão, Fernando, além de credor é agenciador de atletas do alvinegro).

Dentre as principais pendências da empresa, destacamos:

  • R$ 39,8 milhões – dívidas trabalhistas;
  • R$ 649,1 milhões – dívidas com fornecedores;
  • R$ 23,6 milhões – impostos diversos;
  • R$ 725,7 milhões – empréstimos e financiamentos;
  • R$ 17,1 milhões – dívida com Imposto de Renda e contribuição social

O prejuízo operacional tem sido grande vilão nessa terrível situação financeira apresentada pela Kalunga.

Em 2019 foi de expressivos R$ 240,7 milhões; em 2020, R$ 2,7 milhões, com tímido alívio em 2021, por conta de lucro de R$ 5,7 milhões.

Por outro lado, o patrimônio líquido da empresa sofreu redução de 65,7%.

31 lojas da Kalunga foram fechadas, definitivamente, entre 2020 e 2021.

Na contramão de suas principais concorrentes, principalmente em tempos de pandemia, o faturamento das vendas através do site e doutros canais digitais correspondeu a apenas 19,2% da Receita Líquida total da companhia.

Em setembro de 2017, a Kalunga aderiu ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), instituído pela Lei nº 13.496/17, para pagamento de auto de infração, relativo a créditos de PIS/COFINS (dívidas de janeiro de 2014 a dezembro de 2015).

Com a adesão, a multa aplicada foi reduzida em 40% e os juros em 80%, sendo divididos em 150 parcelas mensais, vencida a primeira em 30 de setembro de 2017 e a última a vencer em 31 de janeiro de 2030.

A pendência aproximava-se dos R$ 30 milhões.

Por conta de tantos problemas, a Kalunga reduziu os investimentos em publicidade, gastando, em média, R$ 22 milhões anuais; segundo fonte da empresa, em anos anteriores (não abrangidos pelos Balanços) a empresa utilizava, em média, 50% a mais.

Somente de juros envolvidos nas principais pendências a companhia gasta, anualmente, quase R$ 120 milhões:

Em 2021, a Kalunga apresentava capital circulante líquido negativo de R$189 milhões (era de R$72.7 milhões negativos em 31 de dezembro de 2020), segundo dados do balanço, sob impacto de empréstimos tomados com credores diversos.

Vale relembrar, os números correspondem ao terceiro trimestre de 2021, ou seja, o balanço completo será ainda divulgado em 2022, dentro do período exigido por Lei.

Nesta documentação mais recente, Emerson Piovesan, até então empossado ‘auditor independente’, figura noutro cargo, mais expressivo, de vice-presidente do Conselho de Administração, que é presidido por seu histórico patrão, Paulo Garcia.

A dupla trabalha, há anos, para exercer poder semelhante no Corinthians.

Levando-se em consideração as recentes gestões alvinegras, ambos parecem possuir o perfil adequado para o desafio.

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