Raul Corrêa da Silva, ex-diretor de finanças do Corinthians, foi presidente da Sparwood Enterprises S/A, empresa sediada no paraíso fiscal do Panamá.

À época (2004), era dono de modesto escritório de contabilidade e batalhava para obter relevância nos bastidores políticos alvinegros.

Desde então, progrediu.

Três anos depois (2007), empossado vice-presidente na gestão Andres Sanches, influenciou seus pares a seguirem os caminhos das facilidades comerciais do exterior.

Boa parte dos cartolas do clube, entre os quais o atual presidente, Duílio ‘do Bingo’, aventuraram seus recursos em terras panamenhas.

Todos estão ricos.

O Corinthians empobreceu e, neste momento, deve quase R$ 2 bilhões a fornecedores diversos.

Nesse meio tempo, Correa associou-se à gigante BDO, foi indiciado pro crimes fiscais no exercício do cargo no Timão, assinou quase todos os contratos do clube com a Odebrecht – negociação investigada por pagamento de propina a cartolas do clube -, construtora que, desde então, repassou-lhe milhões de reais formalizados em acordos de consultoria e auditoria.

Coincidentemente, no mesmo período, o cartola associou-se a outros negócios, distintos de sua ocupação principal:

  • 02/07/2013 – entrou na sociedade da Next Door Comercio de Generos Alimenticios Ltda
  • 2015 – comprou camarote no Allianz Parque – Arena do Palmeiras
  • 21/09/2016 – entrou na sociedade da S&C Servicos e Participacoes Ltda
  • 13/02/2017 – entrou na sociedade da Almeida Ambrosio, Correa & Tufani Sociedade de Advogados
  • 02/03/2020 – entrou na sociedade da Esthetic Industria e Comercio de Cosmeticos Ltda

Em 2012, pouco antes de se aventurar por empresas estranhas ao ramo de contabilidade, ao mesmo tempo em que avalizava o acordo do Corinthians com a Odebrecht, Raul voltou ao Exterior.

Desta vez, longe da América Central, mais ao Norte, na caríssima Nova Iorque/EUA.

Precisamente em 30 de novembro de 2012, quando o Corinthians estava prestes a embarcar para o Mundial de Clubes, Corrêa pagou US$ 690 mil (R$ 3,7 milhões) na unidade 2A, de um apartamento localizado à 220 East 65th Street, Manhattan, NY.

Depois, em 28 de novembro de 2017, no mesmo endereço, o cartola comprou imóvel mais luxuoso, a unidade 16 M, que lhe custou expressivo U$ 1,67 milhão (R$ 9,1 milhões), sendo US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões) financiado pelo Quontic Bank, da Broadway.

No ano seguinte (2018), o investimento de 2012 frutificou.

Raul vendeu a unidade 2A, pela qual havia pagado US$ 690 mil (R$ 3,7 milhões), por US$ 900 mil (R$ 4,9 milhões).

Dinheiro suficiente para quitar o financiamento do apartamento mais relevante.

No meio desse rolo todo, em 27 de julho de 2017, sem que os corinthianos soubessem, Raul, por conta da manutenção do hábito de sonegar informações aos órgãos de fiscalização, foi novamente indiciado, desta vez em inquérito proposto pelo Banco Central do Brasil.

A denúncia:

“Caracterizado fornecimento intempestivo de informações ao Banco Central do Brasil, sobre bens e valores que possuía fora do território nacional, na data-base de 31.12.2012, em infração ao art. 1º do Decreto-Lei nº 1.060, de 21 de outubro de 1969, e ao art. 1º da Medida Provisória nº 2.224, de 4 de setembro de 2001, combinados com os arts. 1º e 2º, caput, da Resolução nº 3.854, de 27 de maio de 2010, e com o art. 1º da Circular nº 3.624, de 6 de fevereiro de 2013”

Raul escondeu a compra do apartamento em Nova Iorque, além de valores que, segundo o BC, parece possuir fora do Brasil, aos quais o Blog do Paulinho, ainda, não obteve acesso.

Para se livrar do problema, o cartola prestou os esclarecimentos e pagou multa, irrisória, de R$ 704,80.

Raul Corrêa da Silva é postulante ao cargo de Presidente do Corinthians, o que, por si, diz muito sobre os bastidores do clube e o nível da cartolagem nacional.

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