Carlos Nuzman (esq.) e General Heleno (dir.)

O Brasil, em meio à pandemia do COVID-19, não necessariamente espantou-se, porque, talvez, a palavra mais adequada seja ‘enojou-se’, com o comportamento do General Heleno e os detalhes do vídeo da reunião ministerial do Governo Bolsonaro, liberados pelo Ministro Celso de Mello.

Todos, de baixíssimo nível.

Heleno, ao vociferar sobre a possibilidade de ordem judicial apreendendo o celular do presidente Bolsonaro, jogou no ar a expressão “poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

Faltou coragem para detalhar o assunto, embora não seja difícil decifrá-lo.

É triste um país e que o comando das Forças Armadas segue agindo como se fosse, em determinados casos, seguranças particulares do Presidente, noutros, como chefes de milícia à favor de crimes cometidos no exercício do poder.

Se o General Heleno não se conteve a expor seu íntimo autoritário e anti-democrático diante da possibilidade de investigação legítima (se aprovada pelo STF) contra possíveis atos criminosos da Presidência da República, do que não seria capaz se o telefone ‘confiscado’ fosse aquele que o próprio milico utilizou durante a organização das Olimpíadas de 2016, quando, ao lado de Carlos Nuzman – que logo depois foi preso – participou de evento marcado pela corrupção?

Após esse ato, que deve ser considerado como ameaça, não apenas aos poderes constituídos, mas também à toda população brasileira, vieram os vídeos da reunião ministerial em que Jair Bolsonaro e seus asseclas apresentaram-se, infelizmente, como esperado.

Um show de baixarias, preconceitos e a constatação de utilização da máquina pública contra os menos favorecidos e à favor da defesa dos desvios de conduta da família miliciana.

Desprezíveis, como Ricardo Salles, sugerindo utilizar o momento de comoção diante dos mortos do COVID-19 para aprovar reformas ‘infralegais’ em desfavor meio ambiente (Amazônia); Paulo Guedes sugerindo vender a ‘porra’ do Banco do Brasil; Bolsonaro confirmando a existência de um sistema de espionagem particular, além de exigindo a troca do comando da PF, no Rio de Janeiro, nitidamente porque investigava um de seus bandidinhos; presidente do Banco do Brasil sugerindo pedido de vantagens por emissora de tv, etc.

Se é discutível a possibilidade dos vídeos alicerçarem, de maneira contundente, ação criminal contra o presidente, não há dúvidas sobre os objetivos, a má-fé e a falta de compostura dessa gente.

Os 75% da população que não apoiam o fascismo bolsonarista precisam se mobilizar antes que as ameaças, ainda apenas no âmbito da covardia, do general Heleno possam evoluir para um movimento golpista alicerçado em apoio militar, oficial e de milícias, como as que estão sendo formadas em Brasília, acampadas, no aguardo de ordens, para, tudo indica, vilipendiarem os demais poderes constituídos.

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