O Arena Fundo FII, gestor do estádio de Itaquera, através de sua administradora, a BRL Trust, protocolou ontem (12), na CVM, balanço do exercício 2019.

De cara, chama a atenção que a empresa auditora, a RSM, é a mesma que referendou, dias atrás, as controversas contas do Corinthians.

Seu proprietário, Luiz Cláudio Fontes, é ligado a Raul Corrêa da Silva, ex-diretor de finanças alvinegro, avalista, nessa condição, do projeto financeiro da Arena.

O custo dessa auditoria foi de R$ 136 mil, que, somada à taxa de custódia, gerou um boleto de R$ 281 mil.

De cara, na única ressalva do documento, encontramos uma controvérsia que, certamente, iniciará um litígio entre Fundo e Corinthians.

Os gestores do Itaquerão indicam que o Corinthians deve R$ 46,9 milhões em repasses de lucros da operação do negócio (todas as receitas do estádio, desde venda de ingressos até alugueis para eventos), previstos em contrato, enquanto o Timão, através de ‘carta de circularização’, garante dever ‘apenas’ R$ 10,8 milhões.

A diferença é de R$ 36,1 milhões.

Segundo os auditores: “não foi identificado procedimento de conciliação entre as partes envolvidas”.

O resultado final do balanço, entre receitas e despesas, é de superavit, contábil, de R$ 54 milhões, o que não significa dinheiro em caixa por conta de calotes diversos, entre os quais o não pagamento do Corinthians (próximo dos R$ 50 milhões).



Outros dados relevantes são os seguintes:

Valor do estádio de Itaquera:

Na inauguração, a avaliação do imóvel ‘estádio de Itaquera’ era de R$ 985 milhões, depreciado agora para R$ 691,7 milhões

Dívida com manutenção e conservação da Arena:

R$ 1,1 milhão

Despesa total de manutenção e conservação:

R$ 4,9 milhões

Despesa total com auditoria + custódia:

R$ 281 mil

Despesa com consultoria:

R$ 1,2 milhão

Despesa de condomínio:

R$ 3,9 milhões

Despesa com seguros:

R$ 994 mil

Taxa de Administração (BRL TRUST):

R$ 1,1 milhão

Outras despesas operacionais (justificadas no balanço como repasse de CIDs à Odebrecht):

R$ 138,7 milhões

Honorários advocatícios (Machado Meyer):

R$ 576 mil

Receitas com arrecadações:

R$ 59,1 milhões

Renda com CIDs (repassados à Odebrecht):

R$ 163,7 milhões


Ao final das contas, destacamos os seguintes trechos de ‘notas explicativas’ do Arena Fundo FII:

A dívida do Corinthians com o Fundo:

“Em 31 de dezembro de 2019, o Fundo possui “Rendas operacionais a receber” originados dos direitos emergentes isto é, dos direitos do Fundo relativos à exploração econômica da Arena,
incluindo, sem limitação, as receitas auferidas com a venda dos camarotes corporativos, cadeiras especiais, ingressos vendidos por temporada, e demais assentos VIPs, bilheteria, e demais receitas extras, bem como todo e qualquer tipo de patrocínio associado direta ou indiretamente a Arena, incluindo, as receitas de estacionamento, publicidade e de outros eventos de conteúdo esportivo e não esportivo realizados na Arena e demais direitos creditórios de qualquer natureza atrelados à Arena, no montante de R$ 46.997 (2018 – R$ 28.311)”

“No exercício findo em 31 de dezembro de 2019 foi reconhecido no resultado o montante de R$ 59.198 (2018 – R$ 53.102)”

O direito do Fundo de receber as arrecadações do Corinthians:

“Por meio do contrato de cessão de direitos em integralização celebrado entre o Corinthians, como cedente, e o Fundo, como cessionário, o Corinthians cedeu, de forma plena e incondicional ao Fundo, os direitos relativos à Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) e o projeto de construção da Arena Corinthians no respectivo imóvel, bem como o Fundo é o detentor de todos os direitos de exploração da Arena Corinthians, incluindo, sem limitação:

  • (a) as receitas auferidas com a venda dos camarotes corporativos, cadeiras especiais, ingressos vendidos por temporada, entre outros, incluindo naming rights, bem como
  • (b) as receitas que sejam de direito do SCCP referente à realização eventual de partidas com seu mando de campo em outros estádios que não a Arena Corinthians.

A depreciação de valor do imóvel ‘Arena Corinthians”:

O valor de edificação do Estádio Arena monta R$ 985.000 e o valor de mercado do empreendimento em 31 de dezembro de 2019 é de R$ 691.790 (2018 – R$ 711.791 e está suportado por laudo de avaliação elaborado pela UHY Bendoraytes”


Clique no link a seguir para ter acesso à íntegra do balanço do Arena Fundo com respectivo relatório de auditoria:

Balanço do Arena Fundo FII – contas de 2019 – 12-05-2020

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