negão andrade

Assim como ocorreu com o PT nas eleições presidenciais -partido, aliás, que serve de referência para a atual gestão – o novo presidente do Corinthians, Roberto “da Nova” Andrade, desceu do discurso “País das Maravilhas”, utilizado em campanha, para a realidade de uma situação de dificuldades, principalmente financeiras, que obrigou-o a convocar, por falta de qualificação interna, um grande nome da oposição, Emerson Piovesan, na tentativa de sanear os problemas.

Qualquer semelhança com a nomeação do oposicionista Joaquim Levy por Dilma Rousseff (PT), no Governo Brasileiro, não se trata de mera coincidência, mas de desespero semelhante.

Certamente pressionado por Piovesan, o mandatário Roberto Andrade, (estranhamente não Andres Sanches, como acontece costumeiramente, que parece preferir falar de assuntos menos espinhosos) concedeu entrevista, ontem, ao Estadão, uma espécie de Editorial – pela falta de questionamentos – sobre os procedimentos necessários para minimizar as despesas do Corinthians.

Disse que o clube mantém 977 funcionários, sendo que destes 215 não seriam remunerados (190 assessores e 25 diretores).

A solução encontrada seria um grande corte (demissões) entre os que recebem salários.

Roberto, em vez de partir para uma grande reforma administrativa no clube, decidiu evitar problemas políticos, dispensando funcionários pouco onerosos, que o clube não pode deixar de ter – há até setores em que existe a necessidade de novas contratações – não mexendo, porém, no coração dos problemas (ou das soluções).

A grande sangria de dinheiro do Parque São Jorge está localizada em dois departamentos, que não serão afetados: o de Futebol Profissional e o de Assessoria Jurídica.

O primeiro porque emprega os amigos do fulanos e os filhos dos sicranos, alguns, especialistas em acertos de comissões a empresários, que costumam ser generosos com dirigentes; o segundo por gerar enorme retorno financeiro aos terceirizados, apesar de enormes despesas ao clube.

Outro local em que Roberto “da Nova” não conseguiria, nem teria coragem de mexer, é no grupo que, em suas contas, compreende 190 assessores “não remunerados” (há quem diga que o número real é de pelo menos o dobro), uma espécie de “Bolsa Família” do Timão.

Primeiro que a “não remuneração” trata-se de uma inverdade.

Todos recebem, quando não quantias financeiras lançadas em contabilidade como “despesas diversas”, uma série de vantagens, entre as quais ingressos gratuitos para jogos do Corinthians (os mais caros do Brasil), que a grande maioria revende e não utiliza, entradas para eventos e shows no Parque São Jorge, estacionamento liberado, etc.

Além disso, que é o interesse maior dos atuais gestores, fazem parte de um cabresto eleitoral extremamente fiel (dependem da manutenção do mesmo grupo no poder para a própria sobrevivência), não apenas com direito a votar nos pleitos alvinegros, mas, também, mantendo parentes como associados, em número suficiente para garantir, de cara, enorme vantagem nas urnas para quem os controlar.

Eliminar esse feudo político colocaria Roberto Andrade em rota de colisão imediata com Andre Negão, grande incentivador e beneficiário do atual sistema – copiado do PT – que define hoje quem dá as cartas no Parque São Jorge.

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