andres pacaembu

O Corinthians, embora deva ainda jogar uma vez ou outra no estádio, realiza, logo mais na partida contra o Flamengo, uma despedida simbólica do Pacaembu.

Local que, nas alegrias e tristezas, sempre foi o porto seguro dos mais Fieis alvinegros.

Na prática, um casamento que deu certo.

Porém, nos últimos anos, seduzido por uma nova “conquista”, em Itaquera, o clube, que poderia ter reformado a velha casa por valores que corresponderiam a um quinto do que já se gastou no “Fielzão”, rendeu-se à tentação e deixou de lado o juízo, abandonando quem sempre esteve ao seu lado.

O Pacaembu, mais charmoso, melhor localizado, e menos oneroso, além de não tomar recursos do clube, poderia, ainda, servir-lhe de espaço de arrecadações milionárias, sempre lotado, aliás, como estava acontecendo.

Agora, na distante e quase indígena Itaquera, tirante a euforia inicial – que deve lotar, por algum tempo, o “Fielzão” – virá na sequência a dura realidade.

O clube terá que escolher entre pagar o estádio ou montar uma equipe competitiva – não há margem financeira para ambas as coisas – razão principal de estímulo para comparecimento de um torcedor no campo de futebol.

A montagem de um esquadrão aquém da história do Corinthians, aliada às dificuldades do torcedor em chegar ao estádio – seja pelo transito das vias de acesso ou até mesmo os horários de pico do metrô – a quase certa cobrança de ingressos caríssimos, além dos riscos que o local oferece, sem demagogia, um centro de criminalidade, podem, aos poucos, desestimular o comparecimento do público, deixando o clube em situação financeira ainda mais desconfortável.

Daí, a lembrança do Pacaembu, onde a felicidade, mesmo nas derrotas, era latente, se transformará em arrependimento, de um tempo sem dívidas, com grandes esquadrões no gramado e o charme que, apesar dos banheiros de mármore, entre outros luxos, o “Fielzão” dificilmente igualará.

EM TEMPO: antes que revoltados se insurjam contra o termo “indígena” para retratar  Itaquera, faz-se necessário esclarecer que o apelido que moradores da Zona Leste, em média, de classe pobre, se referem ao bairro é o de “Indiaquera”.  As razões são óbvias.

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