capez marin del nero

O presidente da CBF, José Maria Marin, ainda no período em que a ditadura, embora agonizante, dava as cartas no país, ocupou o cargo de Governador de São Paulo, por dez meses, entre maio de 1982 e março de 1983, substituindo o não menos “afamado”, Paulo Maluf.

Há quem diga que nunca se fez tantos “negócios” em tão curto espaço de tempo.

Fato é que Marin, poucos meses depois, foi agraciado (ou se agraciou) com a concessão de uma rádio, na cidade de Santa Isabel, interior de São Paulo, próxima de Arujá, pouco depois de Guarulhos.

Porém, de maneira absolutamente irregular, a referida emissora, aberta desde julho de 1984, nunca funcionou, de fato, neste Município.

O sistema de irradiação (antenas e transmissores), por exemplo, está instalado em Itaquaquecetuba, cidade a 31,1 Km de Santa Isabel, e que sequer mantém vizinhança nos limites territoriais.

Os estúdios, em São Paulo, na caríssima Avenida Paulista nº 2.202, em imóvel próprio de Marin, a 58,7 km de Santa Isabel, local de concessão, e 43,2 Km de Itaqua, onde estão suas antenas.

Por Lei, a emissora de Marin, com nome fantasia de “Rádio Paulista”, é obrigada a transmitir 30 % de notícias do local de sua concessão,  Santa Isabel.

Nunca aconteceu.

O estúdio na Avenida Paulista, visitado por este jornalista, é pura fachada, e opera apenas com áudios pré-gravados (24 horas de programação) da Igreja “Deus é Amor”, do “pastor” David Miranda, que arrendou, por R$ 5 milhões mensais, segundo o próprio Marin, de maneira irregular, todo o horário da emissora.

A faixa utilizada no Dial é 560 Khz.

No local, ficam apenas um  técnico de som e o filho do presidente da CBF.

David Miranda que, por sinal, sequer se dá ao trabalho de utilizar as instalações de Marin, preferindo gravar os programas de um estúdio próprio, no bairro do Glicério, em São Paulo.

Outro fato que gera estranheza na documentação da Rede Associada de Difusão Ltda., verdadeira Razão Social da “Rádio Paulista”, é o fato de, apesar de ter começado a operar em julho de 1984, a empresa ter sido constituída apenas 13 anos e dois meses depois, em setembro de 1997.

Recentemente, antes de se tornar presidente da CBF, Marin tentou encaixar em sua programação as 8 horas obrigatórias, pela Lei, de transmissões de notícias, embora, de maneira “mandrake”, sem que fossem oriundas de Santa Isabel, e sim, de São Paulo.

Reuniu-se com este jornalista, à época administrando a rádio MidiaCast, na internet, oferecendo-lhe o referido horário, em troca de R$ 1 milhão mensais em patrocínios.

Para tal, faltou com a verdade no encontro, ocultando seus problemas jurídicos, dizendo que queria, na verdade, “diversificar a programação, transformar a emissora, gradativamente, em esportiva e de notícias, para então, posteriormente, romper o contrato com David Miranda.”.

A conversa envolveu, ainda, “obrigações” a serem cumpridas, fora a questão do dinheiro, que transformariam a rádio numa especie de palanque político de aliados de Marin, seja para defesas de acusações ou até mesmo ataque a adversários.

“Uma ou duas horinhas para ajudar meu amigos está bom”, disse Marin.

Desnecessário dizer que as conversas não tiveram sequencia, e, além de terem sido relatadas, à época, para o leitor do Blog do Paulinho, serviram ainda mais para que conhecimento do perfil de um então obscuro ex-dirigente, que o destino tratou de conduzir, inesperadamente, à presidência da CBF.

As ligações com a Ditadura, as negociatas oriundas da passagem pelo Governo de São Paulo – como a da referida rádio –  e também pela FPF, credenciaram Marin, como poucos, para capitanear o submundo formado pelos gestores do futebol brasileiro.

Tanto é que, em breve, conseguirá eleger seu sucessor, Marco Polo Del Nero, de hábitos e costumes semelhantes.

Porém, à margem disso tudo, gera estranheza que o Ministério Público de São Paulo nunca tenha se interessado em investigar a rádio de Marin, mesmo com evidências e provas tão claras de irregularidades.

radio marin

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