Por FÁBIO KADOW

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Ontem o Flamengo anunciou, de forma unilateral, o rompimento de contrato de patrocínio com a Petrobras, depois de um relacionamento de quase 25 anos, que elevou a marca da empresa como a patrocinadora esportiva mais reconhecida entre os cariocas (pesquisa feita em dezembro último pela SportTrack com 4 000 entrevistados do eixo Rio-São Paulo). O motivo: o clube não conseguiu as Certidões Negativas de Débito, exigidas pelo Governo Federal para que a verba pública, que seria de R$ 14,2 milhões esse ano, seja liberada.

No comunicado oficial, feito pelo presidente em exercício Delair Dumbrosck, o dirigente assumiu que a situação econômica do time é grave, com dívidas superiores a R$ 200 milhões. “Não poderíamos seguir com os problemas com a Petrobras.” Já a empresa, ressaltou o motivo dessa quebra do clube. “A Petrobras foi pega de surpresa, já que, como acordado, estava aguardando a regularização fiscal do Clube para efetivar o novo contrato.”

O clube disse que já negocia com algumas empresas, não só para a camisa como também para mangas e calções. Quer receber cerca de R$ 18 milhões. E ai que entra o inexplicável: um clube afogado em dívidas, que durante anos recebeu dinheiro publico, quando exigido para que regularize sua situação (para continuar recebendo milhoes), resolve simplesmente anunciar (num tom de impaciência) que não tem mais interesse em continuar, pois vai receber ainda mais de alguma empresa privada que não exige… que ela seja idônea!

E parte da imprensa esportiva compra essa história e lança o Fla como estrategista. A torcida, claro, compra também. E alguns empresários (os tais interessados) também concordam com isso? Ou a mídia e exposição que o Flamengo vai gerar (gigante, fantástica) pesam muito mais na balança do que o fato de investir num clube que não paga seus funcionários e não cumpre com usas obrigações com o governo e e cidadãos? Pelo jeito sim.

Os torcedores já foram acusados de cegueira, fanatismo e outros adjetivos. Então esses possíveis novos patrocinadores também o são ou simplesmente estão cientes de que os milhares de torcedores da maior legião de fãs (e consumidores) não atentam para esses fatores administrativos do clube?

O Flamengo não é o único, é bom frisar. No momento, o Vasco também está impedido de assinar com a Eletrobras. E 99% dos times também têm dívidas com o governo. E ainda tem a Timemania. Esse é apenas um exemplo da situação do futebol brasileiro.

A diretoria rubro-negra atual, com a bomba nas mãos, fez as contas da incompetência de seus antecessores e escolheu seguir outros rumos. Se assinar com alguém por R$ 10 milhões, já é lucro – com a Petrobras, poderia ter sua dívida descontada nos pagamentos, o que reduziria drasticamente a verba. Mas deve assinar por mais. Assim como também, no ano passado, já rasgou o contrato assinado e quis dar um pontapé na Nike por simplesmente ter uma proposta melhor. Perdeu na Justiça.

E agora? Bem, agora aguardemos segunda-feira, quando será apresentado o novo patrocinador do Flamengo. E que os R$ 14,2 milhões da Petrobras sejam bem aplicados em outras ações esportivas, como nas nossas equipes olímpicas, por exemplo. Apesar que dai entra o COB…

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