Por ROQUE CITADINI

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Os brasileiros, que têm assistido às transmissões das Olimpíadas, nessas madrugadas, além de deixarem de dormir, devem estar chocados e decepcionados com os resultados que vêm aparecendo.

Na última edição dos jogos Pan-americanos, Rio-2007, todos nós fomos bombardeados pela mídia com um sem número de vitórias, medalhas, recordes, o que nos deu a sensação de o Brasil ser uma grande potência olímpica. Nada mais falso, nada mais ilusório.

Saímos de uma montanha de conquistas para uma quase total ausência no quadro de medalhas. Tudo sem grande explicação e com nenhuma crítica aos dirigentes olímpicos brasileiros. Está aí uma diferença entre o futebol e os outros esportes no Brasil: enquanto os nossos dirigentes de clubes de futebol são cotidianamente fiscalizados, e algumas vezes até impiedosamente atacados, os responsáveis pelo COB são elogiados, protegidos e até escondidos. Veja-se o exemplo do principal deles, o senhor Carlos Artur Nuzman. Depois de dirigir por décadas a Federação de vôlei, que houve por herança familiar, que já vinha de algumas outras décadas, assumiu a presidência do COB em Junho de 1995, prometendo que o Brasil seria em breve uma potência nos esportes olímpicos.

Nestes treze anos de gestão, recebeu e recebe dinheiro do governo como poucas áreas de outras atividades nacionais importantes são contempladas; brilhou sempre em eventos com todo apoio orçamentário dos governos federal, estaduais e municipais; patrocina, a cada dois ou três anos, o lançamento do Rio para alguma candidatura que termina sempre com muitos gastos e fracasso em suas pretensões; é figura carimbada em todos os eventos esportivos, sempre recebendo de presidentes, ministros e governadores um tratamento de reverências jamais visto. Rádio, televisão e jornal elogiam-no quase à exaustão. E a potência olímpica prometida ao país em 1995? E o rio de dinheiro que jorrou da Lei Piva, entre outros aportes orçamentários? Nada será cobrado por esta mídia, engajada permanentemente em promovê-lo. Os governadores e presidentes, muitos dos quais, tendo sido seus críticos quando na oposição, vestem-se agora de meros bajuladores e apóiam o todo-poderoso.

E o povo brasileiro continuará perdendo seu sono nas madrugadas, iludido pela mídia e vendo os resultados do Brasil Olímpico serem quase os mesmos das últimas quatro décadas; uma ou outra vitória por esforço pessoal, um razoável desempenho em alguns esportes coletivos (futebol, vôlei), tudo isso e uma sensação desagradável assistindo a países com PIB, população e força econômica menor, porém cheios de medalhas, a mostrar que lá o dinheiro investido (menos do que aqui) retorna na forma de conquistas, que não tivemos.

Está aí um quadro de todo lamentável: dinheiro a rodo dos cofres públicos, repassado para entidades esportivas (que não apoiaram ou revelaram atletas como era de se esperar); uma mídia subserviente disposta a esconder a verdade e o país numa classificação a envergonhar toda gente.

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