Por ROBERTO VIEIRA
O youtube e os blogs poderiam resultar na implosão da imprensa. Imprensa que no Brasil comemora 200 anos !?
Pois nunca houve na história da humanidade tamanha liberdade de expressão. Tamanha liberdade de conceber conceitos e destruir babéis.
Pero, onde estão os novos menestréis?
Assistindo no youtube ao grupo The Clash em sua apresentação no Victoria Park em 1978, apresentação que eu nunca poderia assistir aos 14 anos de idade, minha idade na época, eu fiquei sorumbático.
Meu Deus!
Descobrimos e manipulamos o fogo, mas não queimamos ninguém. Somos deslumbrados pelo brilho, e incapazes de provocar uma faísca sequer de explosão.
Talvez sejam os grilhões do politicamente correto. Talvez a linguagem busque a forma e esqueça o conteúdo.
(A maioria nem entende uma canção como “Spanish Bombs” nos dias de hoje, como não entendia antes, mas antes nem tinha como ouvir)
Com o youtube em uma das mãos e os blogs na outra, pra que a gente precisa de mídia? Só pra dar back up.
Eu posso dialogar com a Austrália em tempo real. Só não posso falar com China e Cuba. Então, abaixo China e Cuba. Direita e esquerda! Viva a revolução digital. Viva o poder invisível que deveria subverter barreiras.
E que, no entanto, se vende pra comprar um teto.
Não, eu não defendo o final dos tempos das revistas, das assinaturas, dos jornais, do rádio e da televisão. Não defendo, pois elas sequer conseguem acompanhar o contemporâneo. Já morreram e sobrevivem dos retardatários.
O hoje já passou. A blogosfera já discute o daqui a pouco.
Mas não surgem novos pensadores, novos alquimistas, novos mutantes.
Não surgem.
O aparato de informação suplanta a capacidade dos indivíduos de criar propostas, de rebelar-se contra o mesmo. A velocidade da quarta onda exige uma reviravolta nos conceitos das novas gerações. A terceira já ficou pra trás.
Quintana e Drummonds ultramodernos, onde estão vocês?
Procura-se o punk virtual que existe em cada um de nós.
Urgentemente.
Antes que as máquinas nos ensinem a pensar!