O escândalo que o Corinthians tenta proteger

O Blog do Paulinho revelou que Osmar Stabile, para vencer as eleições no Corinthians, aceitou um acordo para não investigar os ex-presidentes Andrés Sanchez e Duílio “do Bingo”, ambos envolvidos em diversas falcatruas.
Evidentemente, todos os órgãos de fiscalização anuíram.
Não à toa, inexiste, neste momento, qualquer procedimento de apuração interna contra esses cartolas.
Os requerimentos apresentados permanecem na “geladeira”.
Enquanto o debate é desviado para deslizes menores — como gastos ínfimos em cartões corporativos ou descontos de notas fiscais em botecos de Guaianazes — o foco sobre o verdadeiro grande assalto, que foram as confissões de dívidas com empresários de jogadores, firmadas após Duílio “do Bingo” perder a eleição para Augusto Melo, segue sem qualquer apuração.
Foi por meio dessas confissões, somadas à troca da empresa administradora do Arena Fundo, que, em quatro ou cinco canetadas, a dívida do clube aumentou em aproximadamente R$ 250 milhões.
Como parte do procedimento de abafamento dos casos envolvendo a Renovação e Transparência, a gestão Stabile recontratou Roberto Gavioli — homem de confiança de Andrés Sanchez e de Duílio “do Bingo” — para ocupar a gerência financeira.
É a raposa no galinheiro.
Gavioli, vale lembrar, assinou como testemunha todas as confissões de dívida com os empresários de atletas.

Detalhes de uma ação possivelmente criminosa
Para exemplificar o que parece configurar uma ação dolosa de desvio de dinheiro do Corinthians, vale relembrar um caso documentado em uma das confissões de dívida.
O beneficiado foi o agente Carlos Leite, de “generosidade” notória com dirigentes.
Importante recordar que, nas eleições de 2018, o empresário foi flagrado pagando mensalidades de associados do Corinthians para que votassem em Andrés Sanchez.
Em documento datado de 6 de novembro de 2023, Duílio “do Bingo” e Carlos Leite — tendo Roberto Gavioli como testemunha — não apenas assinaram a confissão, como também avalizaram o aumento da pendência do clube com o intermediário: de R$ 9,7 milhões para R$ 22,7 milhões.
Um acréscimo de R$ 13 milhões em juros e correções.
Há, porém, um detalhe revelador: tudo indica que o documento foi produzido com data retroativa, após Duílio perder as eleições para Augusto Melo, dando a entender que a operação não teria sido realizada caso o resultado das urnas tivesse sido diferente.
O leitor notará que o pleito ocorreu em 25 de novembro, mas Leite somente assinou o contrato em 21 de dezembro — quase um mês depois —, pouco antes de Duílio deixar o poder.
Em tese, fortíssimo indício de que Duílio, Gavioli e Carlos Leite teriam agido em conjunto, de forma deliberada, com o objetivo de lesar os cofres do Corinthians.
Urge investigação.
Até o momento, porém — mesmo após alguns anos — não há qualquer apuração interna, e o caso sequer é objeto de um PIC em trâmite no MP-SP.

Confissão de dívida do Corinthians assinada por Duílio e Gavioli com Carlos Leite




A assinatura de Carlos Leite, em detalhe, datada de 21 de dezembro, num contrato com data de 06 de novembro, em aparente procedimento retroativo

