Por política, ABI demorou cinco dias para ‘solidarizar-se’ com ataques a Juca Kfouri

Em 25 de julho, a Federação Israelita de São Paulo, incomodada com a coluna “Hipocrisias e emoções olímpicas”, publicada na coluna de Juca Kfouri, na FOLHA, utilizando-se da mentirosa argumentação de antissemitismo, atacou o jornalista.

Juca comentou o episódio em seu blog.

O desonesto argumento do antissemitismo (uol.com.br)

Somente ontem, cinco dias após, pressionada por dois conselheiros, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) resolveu publicar nota em ‘solidariedade’ ao jornalista.

Antes tarde do que nunca.

A ABI, desde a ascensão ao poder da nova diretoria, não é mais a mesma.

Nas eleições da Associação, Kfouri foi opositor aos atuais gestores, o que, talvez, explique a tardia manifestação do órgão à violência que sofreu.


Hipocrisias e emoções olímpicas

Da FOLHA

Por JUCA KFOURI

De duas, uma: ou esporte e política não se misturam ou se misturam.

Embora seja óbvia a mistura, se o Comitê Olímpico Internacional (COI) separa uma coisa da outra e repele a política, a Rússia deveria poder estar em Paris com sua bandeira, seus atletas uniformizados e entrar na contagem das medalhas, além de ouvir seu hino tocado sempre que um russo fosse contemplado com medalha de ouro.

Já que o COI rechaça a relação entre esporte e política, o que explica a punição que atinge muito mais os atletas russos que o país?

Como é evidente a relação, a próxima pergunta é: o que Israel está fazendo nos Jogos Olímpicos?
Israel faz com Gaza o que a Rússia faz na Ucrânia, massacra seus habitantes, crianças inclusive, muitas, mais de 15 mil, segundo se estima.

Há outra pergunta: por que os Estados Unidos nunca foram punidos pelo COI se é o país mais intervencionista desde a Segunda Guerra Mundial?

A resposta, rara leitora e raro leitor, está ventando em nossos rostos: os financiadores dos Jogos nunca foram e jamais serão punidos.

Ou, numa palavra, devido à hipocrisia.

Daí, se tem e terá Estados Unidos sempre, se teremos Israel, deveríamos nos locupletar todos e permitir a presença da Rússia.

Afinal, que culpa tem o atleta russo se o novo czar Vladimir Putin resolveu expandir as fronteiras?

Nas últimas Olimpíadas, em Tóquio, a Rússia mandou 335 atletas. Em Paris estarão apenas 15, a convite do COI.

Tudo isso ou nada disso impedirá, a partir desta sexta-feira (26), o deslumbre mundial com o que promete ser a mais bela festa de abertura dos Jogos Olímpicos, porque pela primeira vez fora de estádio, à beira do Sena.

Daí por diante o turbilhão de emoções produzido por esportistas fabulosos permitirá esquecer o horror das guerras, verdadeira moeda de duas faces.

A cara mostra a alegria das disputas entre os melhores, noves fora a ausência dos russos (e dos belarussos).

A coroa revela as nossas contradições: a diversão supera a indignação com a guerra entre os exércitos russo e ucraniano —e com o genocídio promovido por Israel na Palestina.

O que fazer além de desejar boas Olimpíadas a todos?

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