Por MAURICIO RAMOS (mensagem enviada por whatsapp)

Paulinho, bom dia… se pudesse publicar em seu site a entrevista do Prefeito de Canoas/RS, cidade onde moro, que ilustra a urgência em doação de colchões.

Resido num condomínio que está numa região seca e mais alta, mas a 100 metros do portão a rua está com quase dois metros de água.

E, se possível, sugerir ao seu blog a seguinte ideia: os clubes de futebol de todos o Brasil lançarem um projeto de doação, pelos sócios, de R$ 10,00 na mensalidade, com as agremiações igualando esta quantia?

Um primo da minha esposa que foi resgatado de helicóptero, enquanto esperava resgate, viu mais de 10 corpos boiando nas águas.

Policial civil que se formou comigo na faculdade de Direito me passou que, sem esperar a água baixar, só no bairro onde moro, 300 mortes são esperadas.


Abaixo a entrevista de Jairo Jorge, Prefeito de Canoas/RS, sugerida pelo leitor:

“É uma situação caótica. Tem 24 mil pessoas em abrigos, mas tem 130 mil pessoas que passaram para o outro lado da cidade.”

“Uma pessoa que mora com cinco pessoas na casa, hoje tem 20. […]”

“Se alguém tem dúvidas sobre mudança climática, aqui está um exemplo. Ano passado, criamos um escritório de referência climática, quando criei fui muito criticado dizendo que era uma bobagem. As mudanças vieram e provaram que é uma realidade, Canoas está vivendo essa tragédia”

“Precisamos de cestas básicas, estamos com um problema sério de abastecimento e insegurança alimentar. Temos um problema: dos 24 mil desabrigados, temos 10 mil que estão dormindo no chão. Porque a gente fez um grande mutirão de colchões, mas no início eram 3 mil pessoas, depois 7, 10, 17 mil”

“Metade da cidade precisa de ajuda. […] É uma catástrofe, uma tragédia”

“Só para ter ideia, 50 % da cidade está inundada. É uma inundação de quatro a seis metros. Todas as casas térreas estão inundadas. São 70 mil domicílios, comércio e indústrias. Todo lado oeste da cidade foi atingido”

“Temos uma parte do lado leste que há risco de inundação e tivemos que fazer uma evacuação. A evacuação atingiu 180 mil pessoas”

“É algo que está no nosso dia a dia. A mudança climática está aí, tendo vida, basta olhar o que aconteceu em Canoas. É importante lembrar que Canoas tinha um dique de proteção, talvez algumas cidades não têm. […] Agora, passou por cima do dique e dessa forma ocorreu essa invasão da água, gerando uma grande piscina”

“Vamos ter que levar de 45 a 60 dias para retirar as águas. Hoje, temos 96 abrigos com 24 mil pessoas. Temos hoje 32 mil animais [resgatados], 12 mil sem tutores. Uma situação bem caótica”

“Estamos sem alimentos, montamos uma central de doações, recebimento e entrega e os caminhões estão com muita dificuldade de chegar aqui”

“Nossa economia foi destruída. A economia municipal e obviamente isso tem impacto na economia do Rio Grande do Sul”

“Essa questão da mudança climática, nós aqui estamos procurando fazer o dever de casa: uma parceria com o ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) há quase quatro anos; temos um plano de ação local climático com medidas de mitigação; fizemos todo o balanço de gases estufa, temos uma refinaria”

“Nós estamos fazendo, medidas, planos de contingência. Mas essa alteração climática [nos leva] a uma estimativa de prejuízo na casa de bilhões. Talvez a gente esteja falando de uma grandeza entre 6 e 8 bilhões [de reais] o prejuízo de Canoas”

“É importante que a gente tenha outro modelo, porque liberação de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não vai ajudar, são medidas antigas e ultrapassadas. […] É preciso novas políticas. Não adianta pensar a mudança climática e eventos extremos com a mesma cabeça do ano passado. Tive uma tempestade aqui em 16 de janeiro, foi devastadora. As pessoas usaram o FGTS, vão usar o que agora?”

 

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