A prisão de Daniel Alves, acusado de estupro, agressão e assédio na Espanha, revela, em detalhes, o desprezo que boa parte dos jogadores de futebol, principalmente os mais afamados, possuem pelas mulheres.

Obviamente, com muitas exceções.

Não parece coincidência, por exemplo, que três atletas frequentadores, por vezes, das mesmas festas, tenham acusações semelhantes durante a vida.

Neymar respondeu, duas vezes, a inquéritos por estupro; Robinho foi condenado, pelo mesmo crime, a nove anos de prisão e, agora, Daniel Alves é acusado.

O caso de Alves demonstra que a impunidade reinante no meio o fez encorajar-se a depor, espontaneamente, certo de que, sejam quais fossem as provas colhidas, sairia pela porta da frente da delegacia rumo ao México, com a passagem comprada de antemão.

Na cabeça do lateral, se tudo desse ‘errado’, como deu para Robinho, sempre teria as praias de Salvador para se safar da prisão.

Daniel, segundo a vítima, estuprou-a em meio a agressões e intimidações.

Quantos desses casos não ocorrem nas muitas baladas em que jogadores de futebol frequentam como ‘reis do pedaço’ diante de mulheres que, para eles, tem obrigação de estarem disponíveis para a prática sexual?

Pouca coisa chega a publico porque, é de conhecimento no meio, seguranças atuam como bandidos nas intimidações e, vez por outra, o dinheiro acaba comprando o silêncio.

Vacinada contra essa gente, a Policia espanhola fez vazar que havia imagens de vídeo na boate do suposto estupro, e que o banheiro, local apontado como do crime, não tinha câmeras; escondeu, porém, os exames que revelaram a presença de material orgânico de agressor e vítima.

Se soubesse disso, é pouco provável que Daniel Alves iria à Delegacia.

Tanto que, após saber, sem alternativa, mudou o discurso anterior, em que acusava a vítima de mentir, para o de que houve sexo consensual, embora os exames tenham comprovado a resistência da outra parte.

Não à toa a juíza mandou-o para a cadeia, preventivamente, sem direito a fiança, local em que, provavelmente, passará a próxima década.

Tomara o comportamento da justiça espanhola sirva para intimidar novos crimes e encoraje futuras vítimas a denunciarem seus agressores, gente que estupra sem pudores ou receios desde antes da fuga dos quatro jogadores do Grêmio que, nos anos 80, violentaram uma garota na Suiça, entre os quais o agora treinador Cuca e o ex-zagueiro Henrique, que ficou famoso no Corinthians.

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