O negócio entre Ronaldo e o Cruzeiro

Parte da imprensa e, por óbvio, os torcedores, empolgaram-se com a anunciada compra do futebol do Cruzeiro pelo ex-jogador Ronaldo, como se fosse, automaticamente, um grande negócio.
O histórico do ‘fenômeno’ como empresário não é dos melhores.
Seja por conta de resultados, mas também pela obscuridade que sempre cercou os reais investidores de seus empreendimentos.
Por exemplo: durante algum tempo, Ronaldo desfilou no Brasil como se fosse proprietário da 9INE, que, em verdade, era espécie de preposta da WPP inglesa.
O ex-atleta era apenas o chamariz de clientes.
A empresa faliu e deixou pendências, inclusive trabalhistas, a serem resolvidas.
Recentemente, através da mesma empresa que, de fato, assinará com o Cruzeiro, a ‘Tara Sports’, sediada na Espanha, Ronaldo assumiu o controle do Valladolid.
Mesmo com dinheiro a rodo – mais do que terá no Brasil, o ‘fenômeno’ rebaixou a equipe para a segunda divisão.
Hoje, o Valladolid segue em crise, ocupando apenas a 5ª colocação da Liga.
Apesar disso, os agentes de jogadores lucraram, como nunca, nos negócios do clube espanhol.
Torcedores, na virada de 2020, protestaram com faixas contra o gestor Ronaldo:

A princípio, R$ 400 milhões, a serem investidos – não se sabe ainda de que maneira – ao longo de cinco anos, ou seja, R$ 80 milhões anuais ou R$ 6,6 milhões mensais, são uma pechincha para os compradores do Cruzeiro.
Tudo isso sem assumir a dívida do clube, que supera R$ 1 bilhão.
Apenas 20% do arrecadado – por obrigação de Lei, será repassado ao Cruzeiro, que, em tese, deveria servir para amenizar essas pendências.
Falando em futebol, além de Ronaldo comandando – ou alguém por detrás dele, o Cruzeiro terá na administração dois notórios intermediadores de atletas: Alexandre Mattos e V(W)anderlei(y) Luxemburgo.
Investidor sério, conhecedor dos bastidores da bola, não aceitaria trabalhar com esse tipo de profissional, até porque, em tese, estaria, conscientemente, correndo risco de perder dinheiro, o que só é plausível quando objetivos ainda mais obscuros circulam no entorno da contabilidade.
Notícias dão conta de que Ronaldo chegou a sondar Andres Sanches para o cargo de CEO da agremiação, o que, por si, esclarece bem os objetivos do negócio.
A SAF é uma grande ideia e, se bem trabalhada, poderá servir de salvação a diversos clubes do país, porém, assim como qualquer empreendimento, se não tratada com o mínimo de cuidados, pode gerar efeito devastador à agremiação.
Diante do currículo dos que assumirão o Cruzeiro em 2022, não há razões para otimismos exagerados, aliás, muito pelo contrário.
O quadro atual não difere muito do que levou o clube à segunda divisão do Brasileirão.
Espertalhões do esporte – com mais grife e apoio midiático – apossando-se do futebol cruzeirense aproveitando-se da ‘pechincha’ ofertada por um clube em desespero, às portas da insolvência.

