Tragédia em ciclovia do Rio de Janeiro deveria servir de alerta a clubes com novos estádios de futebol

A queda de trecho da Ciclovia Tim Maia, no Rio de Janeiro, ocasionadora de duas mortes, expôs ao país novo episódio claro de irresponsabilidade das construtoras em seus conluios com o Poder Público.
Vitoriosas em licitações a preços irreais (que, invariavelmente, incluem pagamentos de propinas), para cobrir os custos, utilizam-se de material com baixa qualidade e profissionais menos gabaritados (os que aceitam trabalhar por remuneração desproporcional ao mercado) para honrar o prometido.
Não é improvável que a culpa da tragédia seja direcionada ao mar (revolto), não aos que esqueceram-se da obviedade de mensurar os riscos de uma construção em local conhecido pela elevação da maré em tempos de ressaca.
Em paralelo, há tempos os estádios de futebol do Brasil, que adotaram, em regra, a mesma operacionalidade das construções públicas, aparecem na mídia envoltos em pequenos acidentes pós obra, por motivos, quase sempre, ligados à equívocos de avaliação ou até mesmo suspeitas de utilização de material inferior ao contratado.
Exemplos mais conhecidos são o tombamento do guindaste do “Fielzão”, colocado em terreno impróprio, levando a mortes de funcionários, e, pós inauguração, as infiltrações de água que ocasionaram a queda do teto no setor da Área VIP (por sorte, em dia que não havia jogo, evitando novas vítimas), além doutros problemas que remetem a constantes gastos com manutenção.
A ODEBRECHT entregou a obra ao Corinthians sem cumprir diversos itens do contrato, principalmente, os que poderiam gerar lucro ao clube, como os setores de camarotes.
Outra agremiação da capital que precisa manter-se alerta é o Palmeiras, com sua recém inaugurada Arena Palestra.
Apesar de pouco serem divulgados na mídia (por trabalho de abafamento da construtora), acentuam-se os problemas do estádio, sempre envolto em novos ajustes, recentemente, até, notificado , por irregularidades, pelos órgãos que fiscalizam a segurança de torcedores.
Mais até do que a ODEBRECHT, a WTORRE, apesar de menor em relevância, ou até por isso, responde a diversos inquéritos, e processos, por desvios de conduta em construções, entre os quais utilização de material inferior em seus empreendimentos.
Alertados pelo ocorrido na ciclovia do Rio de Janeiro, os clubes citados, e demais proprietários de estádios no país, economizariam dinheiro e dor de cabeça se investissem em auditoria e investigações minuciosas sobre detalhes de suas propriedades, podendo até, em constatando equívocos, descontá-los de pagamentos futuros, exigindo, enquanto é tempo, os reparos necessários.
