O corno, a garota de programa e o jornalista

Desde que as primeiras imagens (de absoluto mau gosto) surgiram viralizadas pelo whatsapp, acreditamos, a princípio, tratar-se de uma ação combinada de um cúmplice, que, a mando da garota de programa, queria apenas expor, mais ainda, um dos mais famosos cornos deste país.

Ignoramos.

Porém, a partir da informação de que se tratava de um ato de canalhice praticado por um jornalista (por sinal, muito bem empregado), decidimos tecer comentário.

Nem entraremos no mérito da gravação, em si, que pode ou não ter sido consentida (apesar das negativas da garota de programa, aparentemente, foi), mas sim na questão do limite jornalístico da exposição do episódio.

Em primeiro lugar, o assunto tratado no vídeo sequer é de interesse público, ou seja, em nossa opinião, não deveria ter sido publicado.

O repórter, porém, deve ter julgado diferente, e jogou no ar (vai negar, dizer que roubaram o vídeo, etc.), imagem e som da conversação.

Absolutamente desnecessário.

Deveria (partindo-se do princípio de sua avaliação do episódio como “notícia”) ter publicado, no limite do certo e do errado, apenas o áudio, que o objetivo de contar a história desejada seria atingido.

Ao expor duas pessoas em momento íntimo (ele próprio e a garota de programa), o impacto da informação (que, repetimos, o repórter julgou relevante) se perdeu em meio à polêmica do ato sexual exposto e das curvas, belíssimas, da ex-esposa do corno.

Descoberto, na verdade, denunciado pela ira da profissional, o repórter, que acreditava estar no anonimato por ter escondido a própria cabeça, de vento, na filmagem, virou notícia, esta sim relevante, sobre as questões éticas e morais de seu ato.

Enquanto isso, o corno assinava recibo, pedindo a demissão do toureiro a seu contratante.

Eis que, de maneira inusual, a emissora do repórter (dando a entender que mais alguém, talvez, importante, sabia mais do que se imaginava) o manteve no cargo, mesmo após tamanha exposição negativa e claro desatino profissional comprovado (para não dizer coisa pior).

Ou seja, perderam todos, com as respectivas imagens desgastadas, menos a messalina, que, com os atributos aprovadíssimos pela população, certamente terá o cachê valorizado.