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Ontem, em mais um episódio constrangedor para a história do clube, o Corinthians emitiu Nota Oficial no intuito de transferir para a Prefeitura de São Paulo o ônus de sua própria incompetência.

Destacamos os trechos menos inspirados:

“Dias após tomar posse, o novo presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, ainda encontra dificuldades para compreender a parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Corinthians”.

É crível que Roberto “da nova” Andrade possua os referidos problemas de entendimento (além doutras limitações), mas é difícil imaginar que não consiga sentar com Andres Sanches, responsável por amarrar o acordo, e Mario Gobbi, que assinou, e nenhum deles consiga esclarecer as dúvidas em questão.

Na sequencia, em meio a choradeira de não liberar os CIDs “apesar dos benefícios ao Município”, o Corinthians omitiu, por razões óbvias, que o referido benefício é apenas a última parte das vantagens já recebidas e devidamente aproveitas.

Antes do acordo, o clube recebeu, mesmo indiciado por não cumprimento de contrapartidas, a enorme área do Terreno de Itaquera (que depois cedeu para a BRL TRUST) e isenção milionária de ISS (quase R$ 100 milhões).

Noutro trecho, verificamos uma deslavada demonstração de cara de pau:

(..) é preciso que ele perceba a gravidade da situação, porque o atraso dos CIDs está provocando uma elevação insustentável da dívida do clube, em função do pagamento dos juros dos empréstimos bancários contraídos para que a Arena ficasse pronta a tempo e de acordo com as exigências da Fifa. Só os juros já representam R$ 80 milhões da dívida.”

A dívida do Corinthians nada tem a ver com a não liberação dos CIDs, mas sim com hábitos inadequados e comprovadamente criminosos da gestão “Renovação e Transparência”, que trataram por minguar qualquer possibilidade de novos investimentos no clube.

R$ 40 milhões em Alexandre Pato, R$ 3,5 milhões mensais em pagamentos de salários para atletas jogarem noutros clubes, R$ 60 milhões em empréstimos bancários para livrar dirigentes da cadeia pelas práticas criminosas de apropriação indébita e sonegação fiscal, etc, etc, etc.

Durante a semana, por exemplo, em vez de acertar os salários atrasados dos jogadores, por ordem de Andres Sanches, o clube acertou pagar irresponsáveis R$ 700 mil de premiação a seus atletas por uma única partida, o Majestoso contra o São Paulo.

Por fim, a patética nota tenta jogar para a Prefeitura os problemas do Departamento de Futebol, esquecendo-se que, agora em janeiro, o órgão liberou R$ 36 milhões para uma empresa em nome do diretor de futebol do clube, Janakian, mesmo com diversos apontamentos e restrições jurídicas, e que, provavelmente, não devem abastecer apenas o bolso do dirigente:

“Se a questão não for resolvida com a rapidez exigida, o endividamento crescente começará a afetar inclusive o Departamento de Futebol, com o clube podendo vir a ter dificuldades para contratar bons jogadores”.

Fernando Haddad (PT), que por razões óbvias – até pelo partido em que é filiado – tem motivações de sobra para ajudar o Corinthians, certamente está tratando com cautela o assunto CIDs, ainda mais em tempos de PETROLÃO, em que toda a lama será investigada.

Em resposta, o Prefeito esclareceu:

“Uma ação popular do Ministério Público foi impetrada questionando os incentivos dados à construção da arena, o que interferiu na viabilidade da comercialização dos CIDs, sem qualquer interferência da prefeitura”.

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