pato e raul

Na tentativa de transformar, com ajuda da mídia, um péssimo negócio em ação positiva, o Corinthians deixou vazar a informação de que refinanciou R$ 100 milhões de suas dívidas fiscais, através do REFIS, a serem pagas num período de 15 anos.

Porém, os detalhes da transação, ocultados pela gestão, são, na verdade, terríveis para o clube.

De cara, há um empréstimo, de R$ 6 milhões, utilizado como entrada para o refinanciamento, que trata-se de nova dívida bancária, assegurada por recebíveis futuros da Rede Globo, com taxas acima do mercado.

O restante, R$ 100 milhões, não é a pendência total dos valores fiscais devidos pelo Corinthians, como a diretoria quis fazer entender, mas apenas parte do débito, de quase R$ 200 milhões, que o clube já havia confessado quando tentou, desesperadamente, fazer lobby para a aprovação do PROFORTE, pensando em incluir tudo no pacote da nova Lei.

Agora, após o indiciamento de quatro dirigentes alvinegros por crimes fiscais, a diretoria alvinegra iniciou uma corrida para parcelar, nem sempre em condições vantajosas, todas as dívidas do Timão com o Governo, tentando evitar novos dissabores na Justiça Federal.

Tenta-se, também, evitar que as empresas de um dos indiciados, a BDO/RCS, do diretor financeiro Raul Corrêa da Silva, parceira do clube na divulgação de balanços e Relatórios de Sustentabilidade, sofra ainda mais impactos com a divulgação de possíveis novas ilegalidades.

É importante ressaltar, também, que os valores agora inclusos no REFIS, nada tem a ver com os R$ 15 milhões pagos – com adiantamento de cotas da CBF – na tentativa de livrar os dirigentes corinthianos da referida ação criminal.

Trata-se apenas das pendências federais, não incluindo outros impostos devidos pelo clube – mais R$ 100 milhões – entre os quais as obrigações Estaduais, Municipais e as trabalhistas, como a inadimplência dos Fundos de Garantia.

O parcelamento, que funciona como uma espécie de carnê das Casas Bahia, vai até 2026, elevando a pendência, que já era majorada com juros e correções, de R$ 100 milhões para valores próximos dos R$ 400 milhões.

Pelo negócio, o Corinthians foi obrigado, também, a renunciar a qualquer disputa ou discussão sobre a dívida, aceitando as condições impostas pelo Governo, ou seja, juros sobre o que já tinha juros, multas, etc.

Vale lembrar que essas pendências não tem origem na gestão Dualib, inviabilizando a desculpa habitual de “herança maldita”, já que o próprio juíz federal, quando aceitou a denúncia criminal contra os dirigentes alvinegros retirou a obrigação do clube em quitar as dívidas anteriores a 2010, por estarem juridicamente prescritas.

O prejuízo, imenso, é fruto do discurso – e do hábito – dos atuais gestores alvinegros de empurrar impostos com a barriga, como se não fossem contas de pagamento obrigatório, utilizando, ainda, o valor não quitado para, de maneira irresponsável, realizar investimentos e ostentar riqueza com recursos não pertencentes ao caixa corinthiano.

Como resultado final, a “esperteza” transformou-se em “bola de neve”, que se juntará a outras dívidas e compromissos de pagamentos, quase todos inviabilizados pelo adiantamento de cotas futuras, num caos financeiro de proporções ainda não devidamente avaliado.

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