Por DAN STULBACH

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Quando já me dirigia ao papel, a TV me interrompeu pra mostrar as imagens de mais uma briga entre torcidas no metrô.

Se imagens de luta e briga são comuns, esta era diferente, por mostrar de perto a idiotice e o ódio de uma torcida à outra, e do humano a si mesmo.

Ia falar do Parreira e da sua entrevista em que admite com calma e tranquilidade que tinha gente fora de forma que não podia ter jogado a Copa.

Tive que mudar de assunto.

Perguntaria porque ele só falou isso agora e, se sabendo do fato, porque os escalou.

A “responsa” era de quem mesmo, ia perguntar, meio irônico.

Depois emendava no clássico, assunto quase velho, do erro do técnico do Palmeiras em escalar os volantes daquele jeito e não arrumar, deixando a defesa insegura e exposta, e o SP fazer o que quisesse em campo.

Falar da apatia palmeirense e do que parece ser o ressurgimento da vontade sãopaulina.

Vontade com data de validade, porque os desfalques de Olimpíada vem aí.

Então, falar da Olimpíada, do futebol olimpico, que cá entre nós, só mobiliza mesmo o Dunga e o Luxa, em lados opostos, um porque quer ficar, o outro porque quer entrar.

E comentar dos clubes que não querem ceder os jogadores, manchetes de vai e vem todo dia.

Ronaldinho no Milan, Robinho no Chelsea, arriscado pra todos.

No embalo, falava do basquete, o nosso triste basquete de tempos tão gloriosos, onde os craques não vieram mesmo e fica melhor todos seguirem seu mau exemplo e não irem pra China, pra não passar vergonha.

E ver o lado bom, se com o fato, muda alguma coisa na Confederação que afundou o esporte.

Falar do Corinthians, que como o previsto, empurra o ano com a barriga depois da afinada em Recife.

E cobrar da sua diretoria a garantia que as futuras eleições serão diretas, mesmo sabendo que vão dar um jeito de não ser.

Lembrar do vôlei, que continua ganhando, o masculino sempre, e o feminino sempre que não é importante.

Me perguntar se estaria sendo injusto e torcer pra estar errado, e que elas ganhem sempre, seja quando for, ainda mais agora que Pequim vem aí.

Ficar na dúvida se fala ou não do Caio Jr., que ficou no Flamengo e podia ter ido pro Catar.

Mas ia decidir não falar, porque a história não me pegou e ficar em casa, no Brasil, trabalhando no líder, sendo o Flamengo, com aumento de salário e de função e ainda dar entrevista de herói não me parecia uma decisão difícil.

Difícil é convencer que grana não é tudo, quando tudo quer te fazer crer que é.

Enfim, pra escrever, de assunto, eram muitas as opções.

Mas tive que acabar mesmo foi falando das imagens.

Comuns e tristes. Um taco de beisebol na cabeça de alguém, chutes e destruição do metrô de todos.

Um explosivo que estoura.

O resto você já conhece ou imagina.

Recentemente estivemos envolvidos na polêmica da Lei Seca.

Quem beber e dirigir, se for pego, dança.

Tolerância zero.

Uns a favor, outros contra, debates na TV.

Independente do lado, o fato de que o Governo se importa com isso e tomou alguma atitude é evidentemente positivo.

Sempre reclamamos da morosidade do Estado, que ele nada faz, além de aumentar impostos e querer sempre se reeleger.

Com a Lei Seca, você pode achar que é uma medida exagerada, que coloca todo mundo no mesmo saco, enfim, pode reclamar de monte, mas não pode dizer que o Governo nada fez.

Mas, e com a violência das nossas torcidas?

Cadê nossa Lei Seca ou seja a lei que for, uma Lei para ser cumprida, pra violência no futebol?

O que é feito pelo Estado, pelos clubes ou pelos integrantes das torcidas uniformizadas para que a situação deixe de ser absurda?

Parece o esquema de venda de ingressos, eternamente ruim, injusto e caótico.

Mas alguém se dá bem, com ingressos falsos, com os cambistas, com a grana que rola. daí, se explica.

E a violência?

Quem se “dá bem”?

Ninguém.

Tirando gente do estádio, vidas afora.

Sem discursar sobre a Copa de 2014, porque a nossa Copa é essa de todo dia.

E não precisamos que um dia venham os estrangeiros para mostrar o quanto somos civilizados.

Podemos mostrar para nós mesmos, agora.

Clubes, dirigentes, jornalistas, torcedores uniformizados e o Estado precisam tomar uma atitude.

Ou as imagens e os textos continuarão a se repetir.

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