Na próxima segunda-feira (20), a diretoria do Corinthians se reunirá com o CORI (Conselho de Orientação) para apresentar o suposto acordo alinhavado com a CAIXA para pagamento da pendência do empréstimo que ajudou a pagar o estádio de Itaquera.

Não há o que comemorar.

Os números que circulam dão mostras da irresponsabilidade diretiva do Corinthians nos últimos anos.

Apesar de já ter ‘queimado’ quase R$ 700 milhões em CIDs (R$ 450 milhões na primeira leva e aportes anuais subsequentes), restariam ainda R$ 569 milhões, a serem honrados em 17 parcelas anuais de R$ 38 milhões (com juros).

O total, corrigido, desde que não ocorram atrasos, será de R$ 646 milhões.

Isso sem contar o valor devido, diretamente, à Odebrecht, ainda a ser definido, mas que, se não ‘perdoado’ – como esperam os cartolas – acresceria quase R$ 200 milhões à soma final.

O que será exposto ao CORI, em retórica de conquista, é que tudo estará sob controle porque dos R$ 38 milhões anuais (levando-se em consideração a ausência de cobrança da construtora), R$ 15 milhões seriam abatidos pelos ‘naming-rights’ vendidos à Hypera Pharma.

Detalhes importantes nessa conversa precisam ser avaliados pelos conselheiros.

Se faz necessária a exposição do contrato com a Hypera e, principalmente, os comprovantes de quitação das primeiras parcelas, até então não inseridos nos balanços nem de quem pagou, muito menos de quem deveria ter recebido a quantia.

Outra coisa: por que o Arena Fundo cobra do Corinthians pouco mais de R$ 657 milhões?

Como será honrada essa pendência?

Sabe-se que mais de R$ 50 milhões deste montante são oriundos de calotes em repasses obrigatórios das arrecadações diversas do estádio.

Por fim, e não menos importante: os conselheiros deveriam perguntar aos cartolas, levando-se em consideração que tudo esteja correto, e a sobra de pagamento anual da parcela com a CAIXA – abatidos os ‘naming-rights’ – seja de ‘apenas’ R$ 18 milhões anuais, quando, nos anos recentes, essa quantia sobrou, efetivamente, nos caixas alvinegros?

Será possível pagar e manter investimentos no futebol – sempre de altíssimas somas, sem quebrar o Corinthians?

Eis os pontos.

Por vezes, o acordo anterior era tão péssimo que quando melhorado para ‘ruim’ passa a impressão de se tratar de uma ‘maravilha’.

Sem um planejamento financeiro crível, que implicaria em reduções drásticas de custos – principalmente no futebol -, assinar qualquer reorganização financeira com a CAIXA – e demais credores – seria inócuo e sujeito a novos calotes, com a consequentes cobranças de juros e demais correções financeiras; impacto que seria sentido, com mais força, por conta da ‘esperteza’ de tornar o pagamento mensal em anual, apenas pelos próximos gestores.

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