A diretoria do Corinthians, há alguns anos, tem divulgado a existência de um pré-acordo com a CAIXA para readequação dos valores das parcelas devidas pelo clube no financiamento do estádio de Itaquera.
Nada, até o momento, concretizou-se.
Em meio a este impasse, o Timão seguiu sem pagar nenhuma parcela do contrato assinado anteriormente.
À pendência, que desde a instauração de processo de execução era avaliada em R$ 520 milhões, serão acrescidos juros e despesas judiciais – além de periciais.
Dentro de Parque São Jorge, vende-se o peixe de que quando o acerto, finalmente, sair da mera especulação, o estádio estaria com as finanças ‘salvas’, quase quitadas.
Não é verdade.
O que ocorrerá, factualmente, é uma piora, a longo prazo, da situação.
A dívida alongada, como pleiteia o Corinthians, tornará o estádio mais caro e comprometerá o fluxo de caixa do Timão por diversas décadas.
É impossível cravar sequer se o clube conseguirá pagar as parcelas em dia, o que, em caso de descumprimento, acarretaria em novos problemas judiciais e financeiros.
Não se trata de pessimismo, mas de conjecturar diante da realidade.
Em quantos meses, ao longo dos dos últimos 15 anos, o Corinthians conseguiu superavit – mesmo quando não havia assumido as contas da Arena?
Quantas vezes sobrou dinheiro nos caixas do clube desde que instaurou-se, por ordem da diretoria, o calote tanto na CAIXA quanto no Arena Fundo?
Este é o ponto.
Mesmo embolsando toda a arrecadação de seus jogos em Itaquera, quase nunca o Corinthians conseguiu honrar seus compromissos – incluindo os mais básicos.
Esta é a grande ‘invenção da roda’ prometida pelos cartolas alvinegros: “com dinheiro das rendas pagaremos com facilidade o estádio”.
Os números comprovam o contrário.
O Corinthians é refém de um sistema de endividamento do futebol que objetiva encobrir a incompetência da não formação de jogadores relevantes em conjunto com a necessidade de fornecer sustento a intermediários associados à cartolagem.
Diante do caos de quem deve mais de R$ 2 bilhões (incluindo a conta da Arena), somente uma administração que abrisse mão do doping financeiro que tem afundado o clube em dívidas impagáveis e iludido o torcedor com times insustentáveis, formados por atletas acima dos 34 anos, com salários superiores a R$ 1,5 milhão, sem a menor possibilidade de recuperação do investimento, poderia, talvez, readequar a situação.
Ainda assim, existirão os parcelamentos – atuais e os que ainda estão por vir – de outra política equivocada: a dos calotes em impostos.
Por isso, torcedores, conselheiros e associados do Corinthians, que comemoram como se fosse título manchetes em sites e demais mídias sobre o ‘quase certo acordo do Corinthians com a CAIXA’, precisam, antes de tudo, respirar fundo e cair na realidade.