Duílio ‘do Bingo’ Monteiro Alves, presidente do Corinthians, não se trata, propriamente, de um inocente no mundo dos negócios.

Muito pelo contrário.

Convive, há anos, no submundo da jogatina, das transações de jogadores e das movimentações financeiras obscuras em paraísos fiscais.

No Brasil, está com as contas e bens bloqueados, mas, apesar disso, e de dever quase uma centena de milhões de reais a credores diversos, desde o Governo até o mais humilde de seus ex-funcionários, ostenta vida luxuosa bancada por dinheiro que não pode comprovar, embora seja fácil supor que trate-se de arranjos ligados ao futebol – ofício que exerce, oficialmente sem remuneração, há alguns anos.

Alguém com esse nível de esperteza não se deixaria enganar por uma TAUNSA qualquer.

É mais lógico acreditar que esteja, de alguma maneira, se beneficiando, e também a terceiros, do acordo da empresa com o Corinthians.

Ao encontro dessa suposição se encaixou, ontem, entrevista concedida pelo cartola na sede da CBF, quando beijou, na condição de representante do Timão, mais uma mão suja que comandará o futebol nacional.

Em vez de se mostrar preocupado com o calote sofrido pelo clube, Duílio defendeu a TAUNSA, apesar da própria, procurada pela imprensa, preferir fugir, como se assustada ao ser flagrada antes do tempo imaginado:

“Isso é também uma forma de divulgação da empresa, que ela paga o salário do Paulinho, mas a gente sempre deixou claro que são novas propriedades de marketing para que a gente pudesse trazer dinheiro novo”

“E a gente entende um problema financeiro de uma empresa, é normal, eu já tive, o Corinthians já teve, a sua empresa também já deve ter tido, acontece”

O ‘problema’ financeiro da TAUNSA pode ser constatado nas diversas ações de cobranças em seu desfavor vigentes na Justiça, além da conta de internet que desonrou, ocasionando, durante a semana, a queda do site oficial da empresa.

Um vexame inimaginável a uma multinacional séria.

Pelo menos, é assim que a TAUNSA se vende, embora esteja mais para entreposta de objetivos obscuros de gente que atua no exterior.

Duílio, que relembrou, sem citar, suas empresas falidas e devedoras, assim como a ‘parceira’ do Corinthians, sabe bem o que é movimentar recursos em offshores.

Esse sistema, há anos implementado no Timão, de vender patrocínios para empresas recém formadas – a TAUNSA foi constituída, oficialmente, apenas no final de 2021 – e irrelevantes no mercado possui método e, aparentemente, objetivo de curta duração.

Suficiente, apenas, para comissionar seus intermediários e facilitadores.

Em regra, como nos recentes casos da ‘Apito Promocional’ e outras mais, que figuraram na camisa do Corinthians, levantaram dinheiro e depois fugiram, a conta do calote sobra para o clube, que, nesse meio tempo, deixou de faturar diante da indisponibilidade do espaço locado no uniforme, com a parcela não honrada e, posteriormente, com a ações judiciais dos prejudicados.

Estranha o fato de um lastro tão grande de imoralidades, obscuridades e até criminalidade ligados ao ‘parceiro’ (o dono da TAUNSA está condenado a 4 anos de prisão por duplo homicídio) tenha passado despercebido, no momento do acordo, tanto do departamento jurídico quanto de seu desatento compliance.

Ou não passou?

São óbvios os ganhadores – entre os quais o iraniano Kia Joorabchian (agente de Paulinho e do treinador Vitor Pereira, com salários prometidos pela TAUNSA) e o único perdedor em mais um triste episódio da cartolagem alvinegra.

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