Da FOLHA

Por MARILIZ PEREIRA JORGE

O mundo que surge não é como conhecemos um dia, mas já um começo

Enquanto Jair Bolsonaro tenta impedir estados e municípios de instituir a obrigatoriedade do “passaporte de vacina“, iniciativas individuais tomam o lugar do poder público para determinar os novos códigos sociais em um mundo pandêmico.

Pode encontrar? Pode abraçar? Restaurante fechado ou aberto? Viagem de avião ou de carro? Férias na praia ou visitando museus? Muitas dessas questões passaram a ser autorreguladas de acordo com a consciência sanitária de cada um, histórico de saúde, relações pessoais.

O Rio de Janeiro, por exemplo, começa nesta quarta (15) a restringir o acesso de pessoas não imunizadas a cinemas, teatros, academias e atrações turísticas, mas muito antes disso já havia gente criando seus protocolos para flexibilizar as restrições tendo algum controle sobre os riscos de contaminação.
Vacinas, testes de farmácia e de laboratório, uso de máscara, distanciamento e abolição de beijos e abraços têm sido os requisitos de família e amigos que retomaram os encontros, cientes de que qualquer exposição traz perigo, mas entenderam que o isolamento cobra um preço cada vez mais alto da saúde mental.

Há dois meses, um grupo conhecido decidiu passar um fim de semana numa casa de praia. As exigências eram já ter tomado a primeira dose de vacina, fazer teste para Covid, distanciamento dentro e fora da casa e que não houvesse quebra no trato “sem abraços e beijos”, mesmo em momentos de manguaça. Nenhuma contaminação em quatro dias, alívio no sentimento de solidão e na saudade e muitas doses de serotonina no sistema nervoso.

Com a segunda dose de vacina avançando e a queda no número de hospitalizações e de mortes, é natural que a população se sinta encorajada a retomar atividades que ficaram interrompidas. O passaporte da vacina é o mínimo para essa volta, mas os cuidados individuais farão diferença. Não é o mundo como conhecemos um dia, mas já um começo.

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