Roberto Andrade, Ricardo Maritan e André Negão

Ontem (15), por conta de lambança na escolha da desembargadora Maria Tereza do Amaral, impossibilitada de concorrer por não atender a exigência de dois mandatos eletivos no Conselho, o candidato a presidente do Corinthians, Augusto Melo, não poderia ter realizado substituição pior.

Para o lugar da magistrada, o escolhido foi Ricardo Maritan, notório aventureiro do Parque São Jorge.

É, de longe, o pior nome das eleições.

Maritan passou as últimas semanas, após lançamento de sua candidatura ‘fake’ à presidência, negociando a vice-presidência com todos os postulantes ao cargo máximo do Timão, demonstrando pouco se importar com o comportamento ou objetivo de quem pudesse abrir-lhe as portas.

Foi ‘chutado’ por Gobbi, Duílio e Garcia, até encontrar em Melo o trouxa da vez.

Sequer há justificativa eleitoral inteligente para a escolha: em 2018, Maritan não conseguiu eleger sua chapa para o Conselho Deliberativo, com a sua ‘Resgata Corinthians’ recebendo ínfimos 140 votos num universo próximo de 3,5 mil.

Político derrotado em duas eleições a vereador de São Paulo, Maritan, durante anos, foi notório bajulador do atual presidente Andres Sanches, para quem trabalhou, inclusive, no Comitê de Campanha às eleições parlamentares, sob as ordens de André Negão.

O desejo de se inserir na cúpula da ‘organização’ era tão grande que Maritan, não contente com os ‘puxa-saquismos’ habituais, como se fosse eleitor de cabresto, não só realizou contribuição em dinheiro para a campanha (comprovada em simples verificação no site do TSE), como também, após votar, postou em rede social o comprovante do ato com o santinho de Andres Sanches e a mensagem ‘torcida Andres’.

Após a campanha vitoriosa, comemorou, feliz, ao lado dos então ídolos Andres Sanches, André Negão e Mané da Carne.

Se, por razões evidentes, essa movimentação à favor de pessoas com passado amplamente conhecido no Parque São Jorge contrapõe-se a qualquer discurso recente de Maritan à favor da moralidade, os fatos subsequentes evidenciam, ainda mais, sua ‘flexibilidade’ de princípios.

Inconformado após deixado de lado por Sanches na escolha de seus assessores de gabinete, e, na sequência, em 2015, não ser empossado como diretor jurídico pelo presidente Roberto Andrade – para quem também fez campanha, o novo vice de Augusto Melo rompeu (naquele momento) com a ‘Renovação e Transparência’, passando, então, ao trabalho de tentar se escorar noutra liderança alvinegra.

O primeiro escolhido foi o ex-financeiro do Timão, Raul Corrêa da Silva, que, após desentendimento com Andrade, criou o ‘Corinthians Supremo’, nova morada dos antigos integrantes do ‘Corinthianos Obsessivos’, a quem passou a financiar.

Maritan, mesmo sabedor do reprovável comportamento do contador na diretoria do clube, em 23 de abril de 2015, publicou, em seu Instagram, a seguinte mensagem:

“Parabéns Raul! Obrigado pelo trabalho realizado no Timão de 2007 a 2014”

Até o camarote de Corrêa na Arena Palestra foi frequentado, em 2018, por Maritan.

Como nada dava certo, porque as pessoas, obviamente, sabiam bem com quem lidavam, o alpinista do Parque São Jorge engoliu o orgulho e tentou insinuar-se, novamente, em meio à notória parceria Andres Sanches e Paulo Garcia, com direito a visita, em conjunto, no ano de 2019, ao então recém operado André Negão.

Na última semana, mesmo depois de todo esse ‘trabalho’, desconsiderado em todas as composições de chapas, Maritan resignou-se a tentar, novamente, uma vaga ‘apenas’ no Conselho Deliberativo, até que, milagrosamente, encontrou a mão salvadora de Augusto Melo.

Será que não há, entre os que cercam o candidato a presidente, nome mais qualificado?

Em não havendo, a situação torna-se ainda mais preocupante.

Com a nova composição, a chapa de Melo, que se apresenta como ‘única’ de oposição no Parque São Jorge, tem um candidato a presidente que trabalhou na base durante a gestão Roberto Andrade e dois notórios cabos eleitorais de Andres Sanches na vice-presidência.

Nas outras, Gobbi foi criador da ‘Renovação e Transparência’ e ex-presidente que obedecia a Andres Sanches, tendo como vice dois ex-dirigentes da mesma gestão, um deles, procurador de jogador de futebol; Duílio representa todos os negócios nebulosos realizados pelo clube ao longo dos anos, sem contar a necessidade de honrar, na vida pessoal, pendências que ultrapassam os R$ 40 milhões, sendo cercado, também, por vices do mesmo grupo e qualidade.

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