Há alguns dias, o Blog do Paulinho recebeu a informação de que um pré-contrato de ‘naming-rigths’ do estádio do Corinthians estaria no departamento jurídico do clube para análise.

Tem gente animada, dizendo que fechou.

Como o clube sempre se aproxima desse tipo de acordo em período eleitoral, em vez de criar manchetes com especulações, preferimos a certeza dos fatos, para noticiar.

Ainda assim, a pedidos, faremos uma análise paralela sobre o assunto.

Seja qual for o valor contratado – se, de fato, ocorrer o acerto (fala-se em números compreendidos entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões divididos em 20 longos anos), não superará o prejuízo acumulado pela incompetência de, desde que anunciada a construção, há quase oito anos, passando por uma Copa do Mundo e também Olimpíadas disputadas em Itaquera, não tê-lo concretizado com rapidez.

Pelo acordo assinado com o Arena Fundo FII, o Corinthians emprestou do BNDES, através da CAIXA – a quem tem que pagar, R$ 400 milhões.

Sanchez alega que já foram pagos quase R$ 170 milhões.

Na Justiça, o banco cobrava, até o ano passado, R$ 585 milhões – se quitados à vista.

Ou seja, somados, sem o cálculo de novos juros, os valores atingem R$ 755 milhões, sem contar o que é devido ao Fundo – para o mesmo fim, avaliado em R$ 51 milhões no balancete mais recente protocolado na CVM.

R$ 806 milhões seria, aproximadamente, o valor entre o que se pagou e o devido à CAIXA.

Relembrando, desde que honrados à vista.

R$ 406 milhões a mais do que o contratado inicialmente.

R$ 400 milhões (chutando alto o valor do suposto ‘naming-rights’) divididos por 240 meses (20 anos), daria R$ 1,6 milhão ao mês, menos do que uma renda de jogo importante disputado na Arena de Itaquera.

A parcela com a CAIXA é próxima dos R$ 6 milhões.

Ou seja, as mensalidades cobradas de quem comprar o nome do estádio serão insuficientes para a quitação da dívida.

Os naming-rights, se fechados, amenizam, mas estão longe de resolver o problema.

O Corinthians precisará, ainda, repassar 100% de sua arrecadação da Arena ao Fundo, comprometendo, como há tempos vem ocorrendo, investimentos no futebol e também no clube social.

Dinheiro, alias, que vem sendo escamoteado, razão pela qual a pendência, conforme descrito acima, ultrapassa os R$ 50 milhões.

É preciso relembrar, também, que o dinheiro do acordo não pode ser utilizado para abater outras dívidas do Timão, que aproximam-se do R$ 1 bilhão, segundo dados do último balancete revelado.

Essa é a realidade dos fatos, sem a contaminação de discursos políticos ou sensacionalismo midiático, convenhamos, bem mais importante do que, diariamente, ficar ‘chutando’ o nome do provável investidor, que, pela pechinha apresentada (R$ 1,6 milhão mensais – desde que confirmados R$ 400 milhões), sob a qual, certamente, deverá incidir outros compromissos comerciais a serem utilizados como ‘amortização’ (dinheiro voltando para o pagador), em sendo real a transação, deveria correr ao Parque São Jorge para assinar a documentação.

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