R$ 2,5 milhões no bolso

O Blog do Paulinho comprovou, ontem (19), que o ex-gerente das categorias de base do Corinthians, Fábio Barrozo, que, em 2016, saiu do clube acusado de corrupção, trabalha, de fato, como intermediário de jogadores:

A comprovação de que ex-gerente da base do Corinthians, afastado por corrupção, é intermediário de jogadores

Por conta dessa matéria recebemos mais informações e muitos documentos.

O negócio com o jogador Alyson, que originou a denúncia, atingiu não apenas a Barrozo, mas também a nomes conhecidos do clube, como Mané da Carne, Onofre Almeida e Eduardo ‘Gaguinho’ Ferreira.

De maneira estranha, mesmo após todas as evidências, o Corinthians, em vez de socorrer-se da polícia ou do Ministério Público para elucidar a questão, facilitou a vida do ex-funcionário acusado.

Barrozo, amigo pessoal de Andres Sanches, pediu demissão de próprio punho e levou consigo uma surreal carta de recomendação.

Mas não apenas isso.

Utilizando-se dessa carta, processou o clube e, em julho de 2017, assinou acordo de indenização, por danos morais, na casa dos R$ 2,5 milhões.

Os conselheiros citados também se deram bem e foram absolvidos por uma Comissão de Sindicância chefiada pelo advogado Sérgio Alvarenga, parceiro político de todos os presidentes que assinaram os contratos de Alyson.


Conversas secretas


O rolo documentado

Em síntese, as denúncias davam conta de que Mané da Carne, em novembro de 2014, levou Alyson ao Timão e Fábio Barrozo, gerente da base, um ano depois, no dia 15 de novembro de 2015, tomou US$ 60 mil (R$ 333 mil na cotação atual) do americano Helmut Niki Apaza, vendendo-lhe 20% dos direitos econômicos do jogador em nome do Corinthians.

Comenta-se que o dinheiro teria sido dividido pelo suposto golpista com Mané da Carne e o real agente do atleta, Julio Cesar Polizelli

O documento, porém, era fajuto, sem conter a assinatura do presidente alvinegro.

Antes de descobrir o golpe, Helmut pagou outros US$ 50 mil (R$ 277,8 mil) para comprar uma carta, assinada, em 04 de fevereiro de 2016, por Eduardo ‘Gaguinho’ Ferreira, que lhe concedia direito de representar o Corinthians em terras americanas.

Esse montante teria sido dividido com Onofre Almeida, que, logo na sequência, viajou com Barrozo aos Estados Unidos.

Todos os citados negam, veementemente, as acusações.

Em 11 de abril de 2016, após o rolo tomar a imprensa, o Corinthians afastou Barrozo de suas funções pelo período de uma semana, supostamente para apurar as denúncias do americano Helmut:

Dois dias depois Barrozo, em carta manuscrita, pediu demissão do Corinthians:

 

No mesmo dia, o Corinthians, em meio às investigações de corrupção, concedeu carta de referência a Barrozo, assinada pelo supervisor Vitor Hugo, que depois seria utilizada para tomar mais R$ 2,5 milhões do clube, a título de ‘Danos Morais’, na Justiça.


O salário de Fábio Barrozo no Corinthians e a empresa de intermediação de jogadores

Além de ganhar dinheiro com transações de jogadores, Fábio Barrozo, talvez pela proximidade com Andres Sanches, era muito bem remunerado no Corinthians.

R$ 25.486,00 mensais.

Concomitantemente ao ótimo emprego, Barrozo já era dono, desde 21 de novembro de 2007, da empresa de agenciamento de atletas denominada ‘Team Eventos Esportivos e Marketing’, a mesma que processou o Santos, recentemente, cobrando R$ 100 mil de comissionamento sobre intermediação de jogador.

É improvável, diante da notória proximidade de ambos, que Andres Sanches, principal cartola do Corinthians nos últimos treze anos, não soubesse, assim como os demais dirigentes que com ele conviviam, como Mané da Carne, Onofre Almeida e Eduardo ‘Gaguinho’ Ferreira.

Ou seja, o dono de uma empresa voltada para a intermediação de jogadores era, comprovadamente, gestor das categorias de base do Corinthians.


Os contratos de Alyson, assinados pelos presidentes Mario Gobbi e Roberto Andrade, com anuência do então diretor geral da base, Fernando Alba e, depois, de Onofre Almeida e Fábio Barrozo

Sem dar bola para o fato do jovem Alyson ter chegado ao Corinthians, segundo relatos, pelas mãos do conselheiro Mané da Carne, o Diretor Geral das categorias de base, Fernando Alba, no dia 26 de novembro de 2014, autorizou que se firmasse contrato de formação com o atleta, em ofício enviado ao delegado Mario Gobbi.

No mesmo dia o acordo foi assinado pelo jogador, seus pais e o presidente alvinegro.

Sete meses depois, em 26 de junho de 2015, Roberto Andrade assinou aditivo contratual com Alyson, após pedido de Fábio Barrozo e Onofre Almeida


Outros jogadores, apresentados por conselheiros, que firmaram contrato com o Corinthians

Segundo informações, outros atletas, não apenas Alyson, teriam chegado ao Corinthians pelas mãos de diversos conselheiros alvinegros, entre os quais Mané da Carne, braço direito do presidente Andres Sanches.

O Blog do Paulinho teve acesso a alguns exemplos.

Em 18 de novembro de 2013, o delegado Mario Gobbi firmou contrato com o jogador Ruan (que hoje está no Santo André), estabelecendo ‘generosa’ divisão de percentuais, em desfavor do clube.

  • 50% para o Corinthians
  • 10% para o Paulista de Jundiaí
  • 40% para o pai do jogador

Na clausula nº 5, o Corinthians estabelece que poderá recomprar 10% dos 40% do genitor de Raun (que permanecerá com 30%) pelo preço de R$ 150 mil.

Ou seja, cedeu de graça para recomprar na sequência.

No dia 20 de julho de 2012, o presidente Mario Gobbi assinou contrato com o jogador Arlindo (recém dispensado do Sub-23 do clube), oriundo do Flamengo.

A ‘generosidade’ do delegado, novamente, se fez presente.

O Corinthians ficou com apenas 40% do atleta, cedendo 35% ao Flamengo e 25% ao pai do jogador.

Repetindo a ação demonstrada no contrato anterior, o Corinthians comprometeu-se a recomprar 10% do percentual do Flamengo, cedido de graça, pelo valor estabelecido de R$ 300 mil, com os rubro-negros permanecendo com 25%.

Essa extensa matéria, pela qual o Blog do Paulinho, desde já, pede desculpas pelo tempo tomado do leitor, reproduz ínfimo percentual do que, realmente, ocorre nas categorias de base do Corinthians.

Observa-se que nada acontece, porém, sem conhecimento e consentimento dos dirigentes mais graúdos.

Muitos deles, por conta do atual período eleitoral, discursam palavras que destoam de seus atos enquanto ocupavam cargos relevantes no Timão.

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