“Todas doações dissimuladas. O que estou falando aqui é que o dinheiro da campanha, nenhum é dinheiro limpo.”

(JOESLEY BATISTA, dono da JBS/SA)


Por intermédio de doação oficial, a JBS realizou mais de 1800 repasses de dinheiro a diversos políticos durante as Eleições 2014.

Jair Messias Bolsonaro foi um dos beneficiados.

Tempos depois, executivos do frigorífico, em delação, revelaram que tratava-se de pagamento de propina.

O recebimento de Bolsonaro é apontado no anexo nº 36 da delação do executivo Ricardo Saud: R$ 200 mil (99% de todo o montante gasto pelo então candidato em toda a campanha ao parlamento).

Após flagrado, Bolsonaro disse que ao perceber que tratava-se de repasse do “fundo partidário” com origem da JBS, devolveu a quantia.

No mesmo dia em que, supostamente, realizou a devolução, como que por encanto, outros R$ 200 mil foram-lhe repassados pelo PP.

A operação está registrada sob recibo eleitoral nº 011200600000RJ000002.

Abaixo a prestação de contas de Bolsonaro indicando dois recebimentos de R$ 200 mil, no mesmo dia, 24/07/2014 (um da JBS, outro do PP)

Na sequência, existe a indicação contábil da devolução de R$ 200 mil, demonstração clara que o valor real dos gastos indicados por Bolsonaro em campanha, em vez dos R$ 405 mil descritos, foram R$ 205 mil, bancados pela ‘generosidade’ da JBS S/A:

O Blog do Paulinho obteve, recentemente, novos documentos sobre os procedimentos.

Entre os quais, o recibo, datado de 23/07/2014 (24 horas antes da formalização no sistema do TSE), com assinatura de Jair Bolsonaro e a indicação de que a tal ‘doação’ do PP tinha origem no repasse da JBS/SA, a mesma que o candidato disse haver “devolvido”:

Abaixo, o cheque de Jair Bolsonaro para o PP, no mesmo valor de R$ 200 mil, com a mesma data do repasse partidário (23/07/2014), em operação, aparentemente simulada, parecida com as de ‘lavagem de dinheiro’:

Estranhamente, no dia 21 de agosto de 2014, quase um mês após o episódio, Bolsonaro assinou outro recibo de doação do PP, discriminada como originária de ‘fundo partidário’, também de R$ 200 mil, sem, porém, discriminá-la na prestação de contas da Justiça Eleitoral.

Detalhe: enquanto na operação, datada de 23 de julho de 2014, com dinheiro da JBS, existe a indicação de depósito em cheque de nº 850027, neste novo recibo o repasse, conforme demonstrado, se deu através de DOC/TED nº 50941, o que inviabiliza qualquer tentativa de trata-lo como erro contábil:

Na sequência, revelamos a prestação de contas de Bolsonaro ao TSE, com a omissão de nova doação de R$ 200 mil, demonstrando receitas e despesas equivalentes, o que sugere, diante da não utilização do recurso em campanha, a possibilidade do atual Presidente da República ter ‘embolsado’, para fins pessoais, o dinheiro da JBS/SA, ainda que a contabilidade do partido tenha realizado malabarismos contábeis para escondê-lo.

O Blog do Paulinho enviou questionamentos ao presidente Jair Bolsonaro, via SECOM, mas, até a publicação da matéria, não obteve resposta.

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