Após quase um mandato inteiro escondendo as contas do Corinthians, o presidente Andres Sanches decidiu, ontem, às vésperas da reunião do Conselho Deliberativo que deverá julgar seus números de 2019 – marcados por déficit próximo dos R$ 200 milhões, publicar o balancete do primeiro semestre de 2020.

O surto de ‘transparência’ se seu por conta da venda do jogador Pedrinho, que ultrapassou R$ 100 milhões.

A manobra contábil, levando-se em consideração que as despesas desse negócio (comissões, divisão de direitos, etc) somente serão discriminadas nos últimos seis meses do período, apresentou-se superavitária, na casa dos R$ 4,3 milhões.

É desnecessário muito esforço para perceber, ainda nesse balancete, que as coisas, diferentemente do que tenta passar a diretoria alvinegra, não caminham bem.

A dívida total aumentou de R$ 665 milhões para quase R$ 904 milhões.

Ou seja, o Corinthians deve mais do que o orçamento da construção do estádio de Itaquera, que foi de R$ 820 milhões.

Lembrando que a dívida da Arena, próxima do R$ 1 bilhão, não está inserida no balanço apresentado.

No item ‘empréstimos’ o salto se deu (somadas pendências de curto e longo prazo) de R$ 75,6 milhões para R$ 110 milhões.

O passivo com fornecedores pulou de R$ 135,8 milhões para R$ 221,8 milhões.

Os calotes em direitos de imagem (salários de jogadores cobrados através de pessoa jurídica) subiram de R$ 41,8 milhões para R$ 116,9 milhões.

Situação pior é a do recolhimento de impostos.

Somados o que estão parcelados e o que estão atrasados, mas ainda não equacionados (incluindo encargos trabalhistas), partiu-se de R$ 349,3 milhões para atuais R$ 434,8 milhões.

Na apresentação de ‘outras contas a pagar’, o acréscimo se deu de R$ 4,6 milhões para R$ 16,2 milhões.

Aumentou também, segundo o balancete, o pagamento de comissionamento a agentes de jogadores, apontados como ‘custo com vendas e aquisições de atletas): de R$ 3,1 milhões para impressionantes R$ 54 milhões.

Levando-se em consideração que a esse quadro de dívidas (perto de R$ 2 bilhões somados clube e estádio) não se juntaram pendências trabalhistas ‘sub judice’ (boa parte delas volumosas), novos calotes em tributos e até o calote de quase R$ 50 milhões com o Arena Fundo (falta de repasse obrigatório da receita dos ingressos), dá para se ter uma ideia do caos financeiro a ser herdado pelo próximo gestor do Corinthians.


Íntegra do balancete financeiro do Corinthians, compreendendo os primeiros seis meses de 2020:

Balancete Corinthians – junho 2020

Facebook Comments