O Corinthians perdeu diversas ações trabalhistas durante a semana, dentre as centenas que ainda estão por estourar, mas, em valores, a mais relevante diz respeito ao jogador Jucilei, inicialmente avaliada em R$ 14 milhões.

Espertamente, para minimizar o problema, o clube deixou vazar que o pagamento se daria de maneira parcelada, em dezoito prestações.

Ontem, o advogado do atleta confirmou a vitória, mas refutou a informação:

“Agora, o processo volta para a 1ª instância, para achar os valores do direito de arena e tudo o que foi pedido, toda a condenação”

Ou seja, será bem mais do que R$ 14 milhões.

Desde o princípio esse caso é bem enrolado.

Em 2011, o Timão vendeu o atleta, através de intermediação de Kia Joorabchian, ao Anzhi, da Rússia, por R$ 22,9 milhões, e, por possuir 50% dos direitos teria que receber R$ 11,4 milhões.

Porém não recebeu.

Andres Sanches alegou que o agente Beto Rappa e seu parceiro Washington Dias (sócio do então mandatário alvinegro na Polygrain Polimeros do Brasil) teriam emprestado R$ 2 milhões ao Timão para aquisição de Jucilei, que pertencia ao intermediário J. Malucelli (gestor do estranho Corinthians/PR).

Os ‘emprestadores’, em troca, permaneceram com fatia do negócio.

O dinheiro, segundo Sanches, foi enviado diretamente a Malucelli.

Por conta desse rolo, dos R$ 11,4 milhões (50% da venda de Jucilei ao Anzhi), o alvinegro levou apenas R$ 2,9 milhões.

Enquanto isso, os ‘parceiros’ de Andres, que gastaram (gastaram?) R$ 2 milhões, multiplicaram o montante consideravelmente.

Em entrevista ao repórter Gilberto Nascimento, para a Rede Record, J. Malucelli, presidente do Corinthians/PR (clube que negociou Jucilei ao Timão), disse, diferentemente do que afirmou Andres Sanches, que recebeu os R$ 2 milhões dos caixas alvinegros, não de Beto Rappa.

Foi pago, também, da parte do Corinthians, um milhão de Euros (R$ 5,6 milhões na cotação atual) ao empresário Giuliano Bertolucci, que trabalha com Kia Joorabchian.

Ou seja, o clube vendeu Jucilei por R$ 22,9 milhões e, curiosamente, ainda ficou devendo.

Meses depois, no dia 08 de dezembro de 2011, o BMG – banco do Mensalão – depositou R$ 4.518.860,01 na conta pessoal do presidente do Corinthians, Andres Sanches.

A operação foi tradada, oficialmente, como empréstimo bancário, com contrato de nº 218511937 assinado pelas partes.

É notória a parceria comercial entre Kia Joorabchian, Andres Sanches e Ricardo Guimarães, presidente do BMG.

Ricardo Guimarães e Kia Joorabchian

Sanches, à época, desmentiu a ligação com Washington Dias (sócio de Beto Rappa), mas não apenas os documentos da Junta Comercial, como uma ação de cobrança do Banco Safra contra o presidente alvinegro e seus familiares, por ‘golpe de arara’, revelaram a proximidade.

Os detalhes podem ser encontrados no link a seguir:

Em ação de cobrança, Banco SAFRA trata família de Andres Sanches (PT) como “organização criminosa”

Em 2015, o empresário J. Malucelli, através da empresa Malutron S/A, ingressou ação contra o Corinthians, solicitando exposição de documentos para cálculo de suposta dívida gerada pela venda de Jucilei.

A audiência seria em março deste ano, mas, por conta da pandemia de Covid-19, foi adiada e será remarcada.

Entre os intimados a depor, está Raul Corrêa da Silva, ex-vice de finanças do Timão na gestão Sanches, na condição de testemunha de defesa de Malucelli, que deve ter suas razões para trata-lo dessa maneira.

Somados os R$ 22,9 milhões que foram pagos pelo Anzhi, mas não entraram nas contas do Corinthians, mais o dinheiro de comissionamento aos intermediários e a perda da ação trabalhista, o prejuízo com Jucilei pode beirar, calculando-se juros e demais correções, os R$ 50 milhões.

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